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Estratégias de sustentabilidade na marroquinaria

Artigo | 2 minutos

terça-feira, 20 de outubro de 2020
Estratégias de sustentabilidade na marroquinaria

Quando pensamos em artigos de pele e marroquinaria, no nosso inconsciente identificamos de imediato o mundo das bolsas, carteiras e acessórios de luxo. Os logotipos inconfundíveis e os modelos icónicos e intemporais são sempre associados ao glamour e requinte das grandes estrelas do cinema, da moda e do lifestyle. Verdadeiros objetos de desejo, os artigos em pele são símbolos de qualidade e exclusividade, assimilando a tradição e a arte de dar atenção aos detalhes e ao rigor no seu fabrico, no qual Portugal tem tido um importante contributo.

São várias as grandes marcas que escolhem o nosso país para a produção dos seus artigos em pele. Reconhecendo a importância que esta escolha representa para o setor e para o país, devemos estar atentos ao que os grupos internacionais ostentam e perseguem como valores e compromissos. Conceitos como sustentabilidade, transparência e responsabilidade estão presentes diariamente nos meios de comunicação e são, cada vez mais, a imagem de marca dos gigantes do luxo, os grandes líderes das iniciativas mundiais de transformação da indústria da moda.

Em agosto de 2019 foi constituída a aliança The Fashion Pact. Liderada pelo grupo Kering, detentor de grandes marcas de luxo como a Gucci, Balenciaga e Saint Laurent, o Fashion Pact conta atualmente, com mais de 60 membros que representam mais de um terço das empresas da indústria da moda. Num projeto conjunto entre as reconhecidas marcas de moda e calçado casual e as grandes marcas de artigos de luxo e acessórios em pele, como a Louis Vuitton, Dior e Loewe pertencentes ao grupo LVMH, Chanel, Stella McCartney e Hermès, esta aliança apresentou recentemente um ambicioso compromisso e um conjunto de sete novos objetivos para o combate às alterações climáticas, proteção dos oceanos e da biodiversidade.

As empresas da indústria da moda em geral e, em particular, do setor da marroquinaria enfrentam enormes desafios, e apenas as que se comprometerem com metas de redução do impacte ambiental da sua atividade, poderão sobreviver. De acordo com Bruno Pavlovsky, da casa Chanel, “Um dia os clientes deixarão de comprar marcas que não façam o correto”.
O recurso a materiais reciclados transformando-os em produtos de maior valor acrescentado, upcycling, utilização de matérias-primas menos perigosas e tecnologias mais limpas que privilegiem a redução do consumo de água, energia proveniente de fontes renováveis, design para a longevidade do ciclo de vida dos produtos são estratégias de sustentabilidade que acompanhadas de práticas de monitorização contínua de indicadores e KPI’s de desempenho ambiental, devem fazer parte do dia-a-dia de uma empresa.

Num momento de grande exigência por parte das marcas e dos clientes, é crucial que as empresas industriais se consigam diferenciar no mercado apostando em inovação dos seus processos, certificação ambiental de acordo com a ISO 14001 ou adotando políticas de rastreabilidade e transparência, que permitam demonstrar aos mercados a sua capacidade e empenho na melhoria do desempenho ambiental.

Num claro sinal positivo de crescimento do setor da marroquinaria em Portugal verifica-se que, no conjunto das mais de cem empresas nacionais dedicadas à produção de artigos em pele e dos novos jovens criadores, há quem aposte na sua própria marca de malas e acessórios. A incorporação da sustentabilidade na estratégia da marca pode alavancar um importante posicionamento nos mercados e reconhecimento de elevado valor para o consumidor.

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