O ano não podia ter começado melhor para o designer Thom Browne, que saiu vitorioso num processo de violação de marca registada intentado pela Adidas em 12 de janeiro.
Em Nova Iorque, um júri, composto por oito pessoas, que deliberou somente por três horas, rejeitou as alegações da Adidas de que o design das riscas “Four-Bar Signature” usadas pela empresa de Browne eram muito semelhantes aos seus. O julgamento decorreu no Tribunal Distrital do Sul de Manhattan e durou apenas uma semana.
A conhecida marca alemã, que pretendia uma indemnização de 8 milhões de dólares (americanos) já fez, contudo, saber à Forbes que continuará a “aplicar vigilantemente” a sua “propriedade intelectual, incluindo a apresentação de quaisquer recursos apropriados”.
Quem é Thom Browne e qual a origem desta disputa com a Adidas?
Antes de lançar a sua marca, com o mesmo nome, no ano de 2001, Thom Browne trabalhou como alfaiate, vendedor para Giorgio Armani e como designer para o Club Monaco. Dois anos depois, em 2003, Browne abriu a sua primeira loja em Nova Iorque.
No ano de 2005, a marca Browne começou a vender um design de três riscas (ou listras), conhecido como “Three-Bar Signature” e cerca de dois anos depois, a Adidas contestou o design, levando o referido designer a alterar o design para quatro riscas.
Na ação judicial aqui em causa, a Adidas alegou que apenas tomou conhecimento da possível violação da marca em 2018, quando Browne registou a marca “Grosgrain Signature” e que o uso das riscas, por este designer, em roupas desportivas “provavelmente causaria confusão no consumidor e enganaria o público”.
Por sua vez, um dos argumentos de Browne é que esta marca de luxo opera num segmento completamente diferente do da Adidas, destinando-se a um público diferente e praticando preços completamente diferentes (mais elevados). Browne alegou ainda que é um ex-nadador de competição e que o seu amor por desporto motivou-o a desenhar roupas desportivas, acrescentando que o uso das riscas nos seus designs foi inspirado nos desportos universitários.
Nas palavras de Jeff Trexler, membro do corpo docente do Fashion Law Institute da Frodham Law School, “o advogado de Thom Bowne fez com que o júri considera-se este caso como O Povo vs. Corporação, e o populismo venceu”.
Podemos mesmo dizer que a conhecida Adidas aprendeu da forma mais difícil que nem todas as riscas são “suas”.
Temos, contudo, que salientar que a Adidas continua a processar marcas pelo uso das três riscas.
As três riscas utilizadas pela Adidas, ganharam destaque na década de 1950, depois do fundador da empresa alemã, Adolf Dassler, começar a utilizá-las no calçado da marca. Esta não foi a primeira vez que a Adidas “foi atrás” de outra marca alegando imitação, e muito provavelmente não será a última.
A título de curiosidade, entre 2006 e 2017, aquela marca processou e fez repetidamente acordos com a Forever 21 pelo uso das mesmas e, em 2009 e 2017 processou a Juicy Couture por causa dos seus designs. No ano de 2015, processou Mark Jacobs pelo seu design de quatro riscas. Mas engane-se quem pensa que as suas batalhas se ficaram pelo mundo da moda. Em 2017, a Tesla retirou o pedido de registo para o seu carro elétrico Modelo 3, depois da Adidas apresentar oposição ao mesmo.
Procurando reduzir estas batalhas, a Adidas registou marcas específicas para três riscas em todos os tipos de calçado e para riscas em variadas partes do vestuário, em vários países, tentando cobrir (legalmente) mais terreno. Mas, foram várias as vezes, em que o litígio foi longe demais, tentando “espremer” marcas que usam duas ou quatro riscas, com cores diferentes ou que usam riscas noutros tipos de roupa, que nem sequer são produzidos pela Adidas.
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