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Charles Jourdan confiada ao fundo de investimento Finzurich

quinta-feira, 13 de março de 2008
Charles Jourdan confiada ao fundo de investimento Finzurich

Os meses de incerteza quanto ao futuro da empresa de calçado de luxo Charles Jourdan  parecem ter terminado, esta acabou por ser confiada ao fundo de investimento registado na Costa Rica mas operando a partir de Madrid. A Finzurich prevê já um primeiro investimento na ordem dos 15 milhões de euros para recuperar o brilho de outrora da marca ícone.
 
O tribunal de comércio de Romans-sur-Isère (Drôme) confiou o destinos da Charles Jourdan, com cerca de 130 trabalhadores, ao fundo de investimento Finzurich, que prevê investir 15 milhões de euros na recuperação da empresa de calçado de luxo.

Para a localidade francesa de Romans-sur-Isère, capital do sapato de luxo, traumatizada pelos sucessivas desventuras da Stéphane Kélian, falida em Agosto de 2005, e da Charles Jourdan, que conheceu três administrações judiciais em cinco anos, tendo a última se saldado pela liquidação da empresa e despedimento dos seus 197 trabalhadores este epílogo é bastante animador.

«Trata-se de um momento extraordinário. É fantástico saber que a empresa vai reviver», exclamou o delegado da CFE-CGC Gilles Apoix. «Temos um projecto que possui o capital necessário para reconquistar a quota de mercado, com o pessoal suficiente. 130 trabalhadores vão recuperar a paz de espírito».

A Finzurich comprometeu-se a colocar 5 milhões de euros no capital da empresa, 5 milhões na conta corrente e 5 milhões na linha de crédito bancária, tal como revelou René Renda, que será possivelmente o novo director da empresa.

Antigo director de operações da Charles Jourdan, Renda afirmou esperar uma retoma da produção dentro de seis semanas. O objectivo será «num primeiro tempo, de 40.000 pares de sapatos por ano, com um objectivo fixado em 150.000 pares anuais dentro de três anos», explicou.

Bénédicte Jourdan congratulou-se igualmente com o desfecho, assegurando que «a Charles Jourdan renasceu». A neta do fundador tinha já defendido o projecto da Finzurich mesmo antes da decisão do tribunal, afirmando que se tratava de «um verdadeiro projecto industrial e comercial» e o «único dossier que garante uma continuidade com o passado, que utiliza as competências e o máximo de assalariados» entre os quatro candidatos à retoma da empresa francesa.

Por seu lado, o secretário de Estado das Empresas e do Comércio Exterior do executivo francês, Hervé Novelli, afiançou que «o grupo Finzurich tem uma boa solidez financeira», acrescentando que a decisão do tribunal foi «muito positiva e animadora para os trabalhadores».

No entanto, algumas vozes, escaldadas pelo “episódio” Finalux, anterior proprietário da Charles Jourdan, elevaram-se para assinalar a origem incerta dos capitais. «Esperamos não voltar, pela enésima vez na história da Charles Jourdan, à estaca zero dentro de alguns meses», declarou Gérard Clément, sindicalista da FO, que apresentou uma oferta concorrente conjuntamente com antigos assalariados da Charles Jourdan.


Fonte: Portugal têxtil, 13.Mar.08
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