Os técnicos do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP) já iniciaram as auditorias às mais de 130 empresas que subscreveram o Portuguese Shoes Green Pact. Até ao final do ano, esse processo deverá estar concluído.
“Até ao momento já recebemos os primeiros dados de praticamente uma centena de empresas”, esclareceu Rui Moreira, que está a coordenar este processo. “Até final do ano – continuou – deveremos ter concluídos grande parte dos diagnósticos. Começaremos depois a definir os Planos de ação de cada empresa”.
Em termos práticos, as empresas da fileira do calçado e artigos de pele comprometeram-se "a trabalhar e contribuir para as metas definidas pelas Nações Unidas e Europa de um planeta com saldo nulo de emissões de carbono".
O responsável do Centro Tecnológico do Calçado sublinhou que as empresas serão inicialmente sujeitas à “realização de um diagnóstico inicial” que dará, posteriormente, à “definição de um plano de ação individual” que, em função da situação específica de cada empresa, determinará as ações a desenvolver em matérias como o ecodesign, os métodos para a seleção dos materiais, a redução dos desperdícios, a produção e utilização de energias verdes, ou a implementação de novos modelos de negócios que reduzam a utilização de materiais virgens ou reutilizem materiais de fontes renováveis ou recicladas. Ao longo do processo, proceder-se-á ao “apoio à monitorização e à implementação dos planos de ação”.
Cento e trinta e nove empresas da fileira do calçado, responsáveis por mais de 1.000 milhões de euros de exportações e 10.000 postos de trabalho, subscreveram, a 24 de fevereiro, no Palácio de Cristal, no Porto, o Portuguese Shoes Green Pact. Numa cerimónia presidida pelo comissário europeu do Ambiente, Pescas e Oceanos Virginijus Sinkevicius, e em que participaram também o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, o secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, e o secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires, as empresas subscritoras do ‘Portuguese Shoes Green Pact’ comprometeram-se “a trabalhar e contribuir para as metas definidas pelas Nações Unidas e Europa de um planeta com saldo nulo de emissões de carbono em 2050 e uma redução para metade em 2030“.
Na circunstância, o comissário do Ambiente, Pescas e Oceanos Virginijus Sinkevius, alertou que "há sempre riscos, especialmente para quem quer inovar”. “Nem sempre é fácil integrar a sustentabilidade e circularidade nos modelos de negócio. Mas todos sentimos que o mundo precisa de uma economia diferente, outros padrões de produção e de consumo". Destacando o bom exemplo de Portugal, que "mostra ao mundo como estas coisas podem funcionar na prática", Virginijus Sinkevicius recordou que "há semanas estava na Gronelândia e o calçado de inverno que vi à venda era português. Isto sucede pela vossa qualidade, pela tecnologia e resulta da vossa coragem", concluiu.
Para o presidente executivo da APICCAPS, Manuel Carlos, trata-se de um “grande desafio” para os setores da fileira, “que dão emprego a mais de 40.000 pessoas e exportam mais de 2.000 milhões de euros para 170 mercados".
“O setor do calçado tem o segundo maior saldo comercial da economia portuguesa e Portugal apresenta, entre os principais ‘players’ mundiais, o segundo maior preço médio de exportação. Este é o ponto de partida para a construção de um futuro sustentável”, salientou.
Segundo Manuel Carlos, o pacto assinado “assegura que as empresas terão todo o apoio da APICCAPS e do Centro Tecnológico do Calçado para percorrerem este caminho”, garantindo também “uma política de portas abertas e de transparência aos clientes e aos parceiros” do setor.
Para o secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, o Portuguese Shoes Green Pact é “um momento histórico para o setor do calçado e para a indústria portuguesa” e “um exemplo para todos os setores de atividade”.
O governante enfatizou que o percurso feito pelo setor foi concretizado “em parceria com o setor público”, tendo representado “um investimento de 110 milhões de euros, alavancado com cerca de 60 milhões de euros de apoios públicos do Portugal 2020”.
Já o ministro do Ambiente e da Transição Climática que defendeu que “Portugal tem desempenhado um papel de liderança nos compromissos internacionais em matéria de ação climática”. Para Duarte Cordeiro “temos de ser mais eficientes, fazer mais com menos, mas temos de ir alem das palavras e passar às ações. (…) O compromisso verde é um contributo fundamental para atingir os objetivos na neutralidade carbónica e da economia circular no nosso país”.