Início de 2025 positivo e ‘a passo acelerado’ para a indústria portuguesa de calçado, que nos primeiros quatro meses do ano exportou 26 milhões de pares, no valor de 576 milhões de euros, o que representa um crescimento de 6,2% face ao período homólogo do ano anterior.
Números que contrastam com a tendência nos setores espanhol e italiano. Espanha registou uma estabilização nas suas exportações, enquanto Itália recuou em 4,1% as suas vendas para o exterior. Já a Europa teve um crescimento de 2,8%, sendo Portugal quem revela melhor desempenho.
“Num ano de grande indefinição, o facto de as empresas portuguesas investirem de forma contínua em tecnologia de ponta permite-lhes responderem de forma célere ao mercado – uma mais-valia inquestionável”, enaltece Luís Onofre.
O presidente da APICCAPS destaca “os investimentos em cursos, no âmbito do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, na ordem dos 100 milhões de euros”, nomeadamente através do BioShoes4All e do FAIST – Fábrica Ágil, Inteligente, Sustentável e Tecnológica.
Globalmente, as exportações chinesas recuaram 8,3% até ao mês de maio. Recorde-se que a China assegura mais de 50% da produção de calçado à escala mundial. Pior só a Turquia, que recuou 14,6% no início de 2025.
Já Indonésia e Vietname, dois players de referência, parecerem estar a aproveitar a conjuntura internacional: aumentaram as vendas para o exterior em, respetivamente, 14,3% e 12,9%.
Luís Onofre recorda que “além dos dois cenários de guerra a nível internacional, a crescente tensão geopolítica é uma grande preocupação”. Acresce que “o mundo empresarial está em suspense, pelo menos até 1 de agosto, para perceber as consequências de um novo posicionamento tarifário”. Assim, “ainda que o mercado americano seja uma prioridade para o calçado português, estamos igualmente a investir noutras geografias”, afirma o presidente da APICCAPS.
Calçado português na Coreia do Sul
Para um setor do calçado como o português, que exporta mais de 90% da produção, a conquista de novos mercados com potencial é, há muito, uma prioridade estratégica.
Atualmente, as exportações extracomunitárias representam 19% do total do setor, isto é, mais do dobro do registado uma década antes. Países como a Coreia do Sul demonstram ser um ‘alvo’ a explorar. Assim, de 15 a 17 de julho, 11 empresas portuguesas integram o Portuguese Shoes Showcase, em Seoul.
Trata-se de uma iniciativa da APICCAPS, em parceria com a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e com o apoio do programa COMPETE 2030. “Ainda que possa parecer à vista desarmada um mercado pouco natural para o calçado português, uma análise mais aprofundada perfila-o como uma excelente oportunidade”, considera Luís Onofre.
Segundo o World Footwear Yearbook, a Coreia do Sul importa anualmente mais de 250 milhões de pares de calçado, nomeadamente da China (71%), Vietname (17%) e Indonésia (7%).
Com uma população de 52 milhões de habitantes, e com um PIB per capita de 32.250 dólares, superior ao de Portugal (24.522 dólares), a Coreia do Sul “merece uma avaliação mais atenta dos empresários portugueses” conclui Luís Onofre.
Fonte: APICCAPS