A denominada indústria mais sexy da Europa, o calçado português, está... na moda e recomenda-se. É um dos setores mais dinâmicos da economia nacional, agregando fatores como tradição, inovação e vocação exportadora, e é agora alvo de destaque pela Executive Digest.
No artigo, publicado no fim de junho, lê-se que “o calçado made in Portugal tem vindo a consolidar a sua reputação internacional, impulsionado por uma estratégia robusta de modernização e diferenciação”.
À reportagem, Paulo Gonçalves, porta-voz da APICCAPS, reforçou que mais de 90% da produção é exportada, com o mercado europeu a ser o principal destino, nomeadamente para França, Alemanha, Países Baixos e Reino Unido. Porém, “é fora da Europa que o crescimento mais se faz sentir, particularmente nos Estados Unidos, onde as vendas duplicaram nos últimos anos, ascendendo a valores na ordem dos 100 milhões de euros anuais”.
Uma presença internacional sustentada pela estratégia da APICCAPS, associação portuguesa de calçado, cujo mote é tornar Portugal na referência internacional da indústria, agregando “sofisticação, criatividade e eficiência produtiva a uma gestão de cadeia de valor sustentável”.
Recorde-se que o Plano Estratégico da APICCAPS prevê um investimento de cerca de 600 milhões de euros até ao final da corrente década, em áreas como qualificação, inovação, sustentabilidade e internacionalização.
Tecnologia ao serviço das empresas
No apoio técnico às empresas lusas do setor do calçado e marroquinaria, encontra-se o CTCP – Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, cuja “atuação tem-se centrado na promoção da inovação, competitividade e sustentabilidade da indústria, adaptando-se continuamente às exigências do mercado global”.
Um autêntico parceiro estratégico na evolução e crescimento do setor, fomentando competências em áreas como a inovação tecnológica, controlo de qualidade, sustentabilidade, formação e digitalização.
Visa o desenvolvimento de novos materiais sustentáveis, como biomateriais, couro vegetal e compostos reciclados, até à promoção de tecnologias da indústria 4.0, como automação, impressão 3D e Inteligência Artificial. Presta apoio técnico e consultoria em áreas como o ecodesign, descarbonização, eficiência energéticas e digitalização.
A estratégia para o setor envolve, como pilar central, a sustentabilidade. “As empresas do cluster do calçado estão totalmente alinhadas e comprometidas com este princípio, encarando a sustentabilidade como um fator essencial para o futuro da indústria”, referiu Luísa Correia, diretora-geral do CTCP.
Neste âmbito, de modernizar o setor, através da bioeconomia, tecnologias mais avançadas e capacitação de recursos humanos, com fundos do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, surgiram os projetos BioShoes4All e FAIST.
São cerca de 100 parceiros e um investimento na ordem dos 140 milhões de euros para projetos “considerados estratégicos e fundamentais para a modernização do cluster; e para contribuir para a transição sustentável e digital”.
Inovação como ADN do setor
A Executive Digest escreve que “a capacidade de inovação é reconhecida como uma das maiores mais-valias do setor”. “Portugal é um dos centros de excelência no desenvolvimento e produção de calçado a nível global. A adoção de IA, robótica colaborativa e sistemas de produção flexíveis têm melhorado a eficiência e a personalização dos produtos”, enaltece Luísa Correia.
Os Estados Unidos são o 6.º mercado para o calçado português, mas o facto de Portugal exportar mais de 90% da sua produção para 170 países, permite que não esteja dependente de um mercado específico.
Paulo Gonçalves alerta que “é uma preocupação particular procurar sempre novos mercados e novos clientes”. Assim, o plano estratégico para o setor identificou como prioritárias 145 cidades em todo o mundo. “Há muito caminho para desbravar”, afiança.
“A colaboração entre a APICCAPS e o CTCP revela-se essencial para consolidar a liderança internacional da indústria, garantindo que Portugal se mantém na linha da frente com um setor que combina excelência, tradição, inovação e forte responsabilidade ambiental”, lê-se no artigo, que faz parte do caderno especial Têxtil e Calçado, publicado na edição de maio da Executive Digest.