"Faz todo o sentido estar em Barcelona, seria o nosso crescimento natural, mas gostávamos de funcionar como janela de produtos portugueses, onde as marcas ganhassem visibilidade", explica Victor Pereira da Silva, administrador da Gardenia. Por isso, explica o gestor que fundou a rede de lojas de retalho portuguesa, pensou na Fly London, grupo de calçado a quem Victor Pereira da Silva já fez a sugestão.
A parceria com a marca de calçado não é de agora – a Gardénia representa 50% das vendas da FlyLondon em Portugal, afirma - e o modelo de cooperação comercial poderia ser repetido com outros exemplos portugueses, defende. "Levar marcas nacionais seria também ajudar as exportações", sublinha Victor Pereira da Silva.
"Espanha também está em crise, mas é uma crise diferente", explica o empresário. A Gardénia tem agora a ambição de tornar-se uma "marca ibérica" no espaço de cinco anos. Começar por Madrid ou Barcelona é inevitável, mas a "movida" da capital catalã poderá mais facilmente ter empatia com o perfil da retalhista, reconhece.
Unidade masculina e loja online arrancam no próximo mês
Depois da reestruturação empreendida há cerca de oito anos - que levou inclusive à redução da rede a duas unidades - a retalhista retomou o movimento de expansão, investindo 280 mil euros (Atelier Gardenia, Leiriashopping, Cascaishopping e DolceVita). Hoje, a Gardenia tem sete lojas em Portugal (em Lisboa e Leiria). Essencialmente de calçado, roupa e acessórios femininos, porque a revisão da estratégia feita há dois anos ditou que a área masculina fosse diminuindo.
Contudo, a empresa liderada por Victor Pereira da Silva vai abrir já no próximo mês, uma loja totalmente masculina. Localizada também no Chiado, a nova loja Gardénia para homem terá a particularidade de juntar uma área de cafetaria na segunda fase do projecto, a avançar em "Janeiro ou Fevereiro de 2012", explica o gestor.
Victor Pereira da Silva explica ainda que, também em Novembro, a Gardenia passará ainda a ter a sua loja "online", seguindo o mesmo caminho em que muitas marcas internacionais apostaram este ano (nomeadamente no universo Inditex).
No início do próximo ano, a Gardenia dará o nome a um "fruit bar" perto da loja original da Rua Garrett, que entretanto duplicou o seu espaço. Aqui irá gastar 50 mil euros.
Até ao final do primeiro trimestre de 2012 a empresa espera abrir também uma nova área de vendas (média é de 100 metros quadrados) no Fórum Montijo e prevê aplicar outros 50 mil euros.
Victor Pereira da Silva explica que os novos investimentos são feitos de forma muito racional, "não descapitalizando as outras lojas" e têm que provar que "se consegue recuperar rapidamente" a aplicação feita.
Mas, em geral o ano 2011 está a correr bem, garante, com um aumento de 30% na facturação bruta, devendo a Gardenia terminar com vendas de cinco milhões de euros.
Chiado com lista de espera de lojas para abrir
Há 24 anos no Chiado, a Gardenia já passou por muitas fases do bairro lisboeta. "Vimos o incêndio", e a agonia da zona, a lenta recuperação e o regresso das pessoas às ruas, explica Victor Pereira da Silva. Hoje, já no quinto mandato na direcção da Associação de Valorização do Chiado (AVChiado), o gestor garante que a recente análise de uma consultora imobiliária de que o Chiado era a zona comercial mais cara de Lisboa só vem confirmar a realidade: "há uma lista de espera de lojas para abrir nas artérias à volta do T".
O "T" é formado pela Rua Nova do Almada, Rua do Carmo e Rua Garrett.
"O que é muito caro vende-se bem; o que não tem valor, nem dado": o percurso para chegar a esta fase do Chiado não foi fácil, e requer trabalho constante, cooperação e "alguma boa vontade" das 120 empresas associadas da AVChiado. A associação, que nasceu um ano depois do incêndio, criou a marca - a primeira associada a um bairro em Portugal - e está desde então a trabalhar "para que o Chiado tenha uma certa qualidade, seja um bairro ‘trendy’, um local de excelência - não precisa de ser inventado, mas reinventado".