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Carminho protagoniza capa da nova Portuguese Soul

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
Fadista na capa da nova Portuguese Soul
Carminho protagoniza capa da nova Portuguese Soul


“A minha primeira casa de fados foi na barriga da minha mãe”. A frase é de Carminho. Ela é a protagonista da nova edição da Portuguese Soul, integralmente dedicada ao Legado.

“Poor Things”, Papa Francisco, Coldplay e um novo álbum. O ano de Carminho foi particularmente preenchido.

Se há algo que nos une enquanto portugueses é uma conexão umbilical ao fado. A nova Portuguese Soul explora “esta ligação quase inexplicável que nos faz sentir o fado como uma segunda pele que habitamos. E se Amália Rodrigues foi um dos nomes incontornáveis deste género musical tão nosso, a geração que se seguiu não deixa margens para dúvidas de que o seu legado está completamente assegurado”.

Carminho é uma das vozes desta geração, que olha para o fado com um novo olhar e com uma nova esperança. Carminho é a voz que entoa nos nossos sentidos, nos envolve e nos faz voltar a apaixonar, todos os dias, pelo fado.

A fadista fez parte do mais recente filme de Yorgos Lanthimos, “Poor Things”, interpretando o tema O Quarto, naquele que acredita ter sido um “dia feliz para o fado”. Numa entrevista à Portuguesa Soul, conduzida por Cláudia Pinto, com fotografia de Frederico Martins e styling de Cláudia Barros, Carminho sublinha que “o realizador escolheu Lisboa, o fado e a língua portuguesa para comunicar e para criar. Vê que este lugar é exótico e especial. Foi naturalmente importante para mim, para o fado e para Portugal. Devo muito à língua portuguesa”.
 
As raízes
“A minha mãe canta desde sempre. Mudamo-nos quando era muito nova para o Algarve e lá não existem casas de fado. Os meus pais começaram a fazer noites de fados em nossa casa…convidavam alguns amigos. Lembro-me de assistir a essas noites, bem novinha. Temos várias fotos com fadistas e com as guitarras e eu com 5 ou 6 anos”, recorda Carminho.

No início do ano, a fadista lançou o álbum A Portuguesa. Mas a pergunta impõe-se: porque a Portuguesa? “É a minha maneira de ver o mundo. É o olhar sobre a poesia, é a forma como eu encontro um lugar onde eu pertenço. Põe em causa a identidade. A identidade é algo abstrato. O que é sentires-te em casa? A língua portuguesa é falada em tantos lugares do mundo… eu acho que a língua e a identidade são lugares muito nómadas e volantes. Mesmo a tradição é uma definição muito abstrata. Não sabemos o que é tradição. A identidade não é global e instalada. A tradição não é uma coisa afinca. É algo que pertence a cada um de nós. O sentido de pertença é algo que nos assiste: pertencer a um lugar. O fado fez isso por mim, fez-me sentir pertença de um mundo e de um lugar. O fado tornou-se casa para mim".
 
O Legado

A Portuguese Soul é um projeto da APICCAPS e na voz do seu presidente, Luis Onofre, “um contributo para melhorar a imagem de Portugal no mundo”. Na edição de dezembro, que será distribuída nas próximas semanas em mais de 120 países, “retomamos a procura pelas nossas raízes, pela nossa própria essência, pelo nosso legado”.
 
Em termos práticos, “da moda à arquitetura, da literatura à gastronomia, passando por múltiplos outros quadrantes da nossa portugalidade, a génese da nossa cultura resulta de uma multiplicidade de influências variadas. Identificá-las ajuda, desde logo, a melhor compreender a história de um país com oito séculos de existência e que um dia, há cinco séculos, ousou, agigantou-se e, desse modo, reconfigurou a ideia do mundo”.

Fonte: APICCAPS
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