Numa altura em que uma nova ordem económica mundial é discutida, em virtude do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em reforçar a aplicação de novas taxas alfandegárias aos países seus exportadores, o calçado português parte para uma nova ofensiva comercial ao mercado norte-americano, com 12 empresas do setor a marcarem presença na feira Atlanta Shoe Market, que se realiza de 15 a 17 de fevereiro.
Segundo o World Footwear Yearbook, os Estados Unidos são o maior mercado de calçado a nível global, ao importarem quase dois mil milhões de pares (1.986), que representam cerca de 26 mil milhões de dólares (aproximadamente 24,8 mil milhões de euros).
Quanto a fornecedores do mercado norte-americano, a China figura no topo da lista, com uma quota próxima dos 60% (equivalente a 1.200 milhões de pares), seguida do Vietname, com 23% (461 milhões) e da Indonésia, com 6% (129 milhões).
Relativamente a Portugal, os Estados Unidos são um mercado estratégico, perfilando-se com o quinto na lista de destinatários das exportações lusas, que nos últimos dez anos duplicara para os States, atingindo valores próximos dos 100 milhões de euros, no final de 2024. “Ainda que já exportemos mais de 90% da produção para 170 países, consideramos o mercado norte-americano estratégico e será a grande aposta da indústria portuguesa de calçado para a próxima década”, almeja o porta-voz da APICCAPS.
Para Paulo Gonçalves, “ainda que o momento seja de alguma indefinição, o setor do calçado não vai desistir do mercado”. Pelo contrário, do ponto de vista estratégico, “atendendo que os meios ao dispor não são ilimitados, o esforço de promoção internacional exige uma eficiente aplicação de recursos”.
Assim, no âmbito do Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, foram selecionadas 145 cidades prioritárias, 30% das quais nos Estados Unidos. “Entre as economias avançadas, é o país que oferece melhores perspetivas”, considera.
Segundo o porta-voz da APICCAPS, “o setor do calçado tem atualmente mais e melhores condições para abordar ao mercado norte-americano, nomeadamente na sequência dos investimentos em curso nas áreas da automação e sustentabilidade”. “Estamos no mercado americano para durar”, assegura.