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França cria lei contra o desperdício

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

França cria lei contra o desperdício

França prepara-se para proibir que marcas e retalhistas destruam artigos devolvidos ou não vendidos, ao abrigo de uma legislação aprovada pelo governo a 21 de janeiro. A “Loi Anti Gaspillage” abrange também itens elétricos, bem como produtos de higiene e cosmética, que agora têm de ser reutilizados, redistribuídos ou reciclados. Exige ainda que os bens contenham informação sobre a facilidade de reparação e presença de desreguladores endócrinos.

Com um conjunto de 130 artigos, a lei foi proposta em junho de 2019 e faz parte da estratégia francesa no sentido de uma economia circular. O objetivo é reduzir em 30% do consumo de recursos relativamente ao PIB (produto interno bruto) contabilizado entre 2010 e 2030, diminuir em 50% a quantidade de resíduos não perigosos despejados em aterros até 2025, limitar a emissão de gases com efeito de estufa, evitando a libertação de 8 mil toneladas adicionais de dióxido de carbono a cada ano graças à reciclagem do plástico, e criar mais 300 mil postos de trabalhado, incluindo novas profissões.

Vários estudos que citam o gabinete do primeiro ministro, Edouard Philippe, sugerem que 650 milhões de euros de produtos de consumo são destruídos ou descartados em França a cada ano – com maior destaque para os sectores de higiene, beleza, utensílios de cozinha e vestuário. Um comunicado anterior do governo indica que a França é o primeiro país no mundo a adotar uma política para combater o desperdício de bens não vendidos.

De acordo com o Serviços de Investidores da Moody, o novo decreto de lei visa eliminar o desperdício, impulsionar a criação de novos métodos de produção mais eficientes, conservar recursos, encorajar as pessoas a prolongar a vida útil dos seus bens e facilitar a sua reparação e reutilização. Contudo, a empresa de análise salienta também que a proibição de produtos não vendidos «representa um crédito negativo para os retalhistas de vestuário, particularmente porque eles renovam os seus artigos com maior frequência e tem muitas vezes excedentes de stock não vendido».

Além disso, apesar de algumas empresas de luxo destruírem os seus produtos para manter a exclusividade da marca, encontrar uma alternativa ao stock excedentário não terá um grande impacto sobre as margens, devido à diversidade da sua carteira de clientes fora do território francês.

Fonte: PortugalTêxtil, fev2020
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