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Dedo verde acusador

segunda-feira, 30 de março de 2015
Dedo verde acusador

A Greenpeace lançou a segunda “Detox Catwalk”, uma plataforma digital destinada à divulgação dos dados das principais marcas de moda mundiais sobre as medidas que adotaram para a remoção de substâncias tóxicas das suas cadeias de aprovisionamento e poluição da água. 
 

A plataforma foi criada pela delegação asiática da organização de defesa ambiental e inclui já vários nomes de conhecidas marcas ocidentais, categorizando-as em função das iniciativas tomadas no âmbito deste compromisso. No topo da tabela encontram-se empresas como Adidas, Benetton, Burberry, H&M, Primark e o grupo Inditex, entre outras, num total de 16 empresas denominadas de “Detox Leaders”. Empresas desportivas como Nike e Li Ning foram categorizadas como “Greenwashers”, devido à «incapacidade de tomar ações credíveis» no sentido da desintoxicação das suas cadeias produtivas. Entre as “Detox Losers” figuram, maioritariamente, marcas de luxo como Armani, Dolce &Gabbana, Versace e os grupos LVMH e PVH, mas também Diesel e Gap, «que se recusam a assumir a responsabilidade pela sua pegada tóxica», revelou a Greenpeace.

«As empresas de moda que se comprometeram com a iniciativa “Detox” nos últimos quatro anos representam aproximadamente 10% do mercado de vestuário e calçado global», afirmou Yixiu Wu, interveniente da campanha. «Acreditamos que este crescendo está a criar novos parâmetros na moda sustentável, instigando uma revolução de transparência e provando que a eliminação de descargas químicas nocivas está ao alcance das nossas expectativas até 2020», explicou.

Os critérios de avaliação desta plataforma consideram a forma como as empresas estão a promover a eliminação de descargas químicas, incluindo compostos perfluorados, nonifenóis e ftalatos, provenientes dos seus produtos e processos, assim como as iniciativas tomadas na criação de cadeias de aprovisionamento transparentes.

«Uma crescente transparência das cadeias de aprovisionamento é uma boa prática da gestão de químicos, incentivando à tomada de decisões e adoção de políticas sólidas na China», referiu Liu Jianguo, professor associado da Faculdade de Ciências Ambientais e Engenharia da Universidade de Pequim. «Quando as empresas são transparentes, o público tem a possibilidade de monitorizar o que acontece na indústria e tem uma oportunidade de integrar a gestão de risco dos químicos. Na verdade, promove uma gestão honesta desta questão», acrescentou.

Esta campanha está a transformar o modo como as empresas interagem com os seus fornecedores, promovendo, simultaneamente, uma alteração das regulamentações sobre a utilização de químicos nos países produtores. Na China, determinados químicos serão doravante regulados, devido à sua inclusão no décimo segundo plano de prevenção e controlo do risco ambiental dos químicos, a aplicar a cinco anos a nível nacional. A Indonésia prepara-se para alargar a lista de materiais tóxicos com a inclusão dos nonilfenóis e derivados. Na União Europeia, vários grupos de químicos perigosos estão a ser incluídos na lista de produtos nocivos, para os quais deve ser encontrado substituto no curto-prazo.

A questão da poluição da água é um assunto premente em países como a China, onde quase metade da água de superfície não é bebível e 64% dos lençóis freáticos sob as grandes cidades estão seriamente poluídos. A indústria têxtil do país é, por si só, responsável por 10% do desperdício de água registado em unidades industriais.

O desafio “Detox obriga as empresas de moda a estabelecerem um compromisso face à total eliminação das descargas de químicos nocivos até 2020 e obriga os seus fornecedores a revelarem dados relativos às descargas químicas das suas unidades industriais, que devem ser disponibilizados ao público e publicados no site da organização ambiental.

Fonte: Portugal Têxtil, 30.mar.2015
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