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De onde vem a pele?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
De onde vem a pele?

No Natal passado, a minha sobrinha de 16 anos pediu-me um casaco novo.  Como sabem, é impossivel comprar roupa para adolescentes, pelo que optei por lhe dar dinheiro para ela o comprar. Quando lhe perguntei que tipo de casaco ela tinha comprado, esta respondeu: Um casaco de material sintético porque, e passo a citar: "coitados dos animais" que se ela tivesse comprado um casaco de pele, teriam de ser abatidos animais para se obter a pele.
As gerações mais novas que valorizam a importância de reciclar no dia-a-dia, por alguma razão parecem não entender que a pele é o exemplo mais antigo de reciclagem da humanidade. 

Então, porque tem a pele uma imagem tão negativa entre as gerações mais jovens? O que é que nós e os nossos parceiros da fileira da moda não estamos a fazer corretamente?
Então, eu optei por lhe explicar de onde vem a pele e debater com ela os conceitos errados e as falácias que frequentemente encontro.
De uma forma resumida, eu dei-lhe uma breve explicação acerca da origem da pele e porque razão continua a ser relevante nos dias de hoje.

•    É uma das atividades mais antigas da humanidade. Há 170,000 anos atrás os nossos antepassados utilizam as peles dos animais que caçavam para se proteger do frio e do calor, como amuletos, para criarem instrumentos musicais rudimentares e até para carregarem os seus pertences quando se deslocavam. Estes aprenderam a conservar a pele, prevenindo o seu apodrecimento através da curtimenta, que se viria a desenvolver numa indústria de alto nivel. As fábricas de curtumes são uma peça chave nesta cadeia de reciclagem, convertendo um residuo da industria das carnes num material valioso que cria empregos e riqueza em especial para as economias locais.
 
•    Os pêlos também são considerados pele?   Não, mas devido a uma falta de compreensão surge uma grande confusão. Os pêlos não são subprodutos da industria das carnes, na medida em que os animais de pêlo são criados apenas com o objetivo de obtenção do pêlo. Os grupos de ativistas dos direitos dos animais usam-se desta situação para promover uma imagem errada da pele e que não corresponde a origem mais usual da pele. Tristemente, a informação enganosa não é algo que consigamos controlar, e é comum que os consumidores acreditem que os pêlos e a pele são a mesma coisa.

•    São criados e abatidos mais animais devido à existência da Indústria de Curtumes? Não.  A industria de curtumes depende quase exclusivamente da industria das carnes. De facto, as estatisticas mostram  que à medida que as pessoas nos paises em desenvolvimento se tornam mais ricas, estas passam a consumir mais proteina animal (carne) e portanto a disponibilidade de peles em bruto aumenta.  Com a exceção de uma pequenissima parcela de peles exóticas, todas as peles processadas na Europa têm origem na industria das carnes.
 
•    A Industria de Curtumes abate animais para obter a sua pele? Não. Quase a totalidade dos couros e peles processados pelas fábricas de curtumes europeias são subprodutos da industria das carnes. Se a industria de curtumes não existisse, a industria das carnes teria de encontrar um destino para esses couros e peles em bruto conforme são extraidos do animal. Só existem dois destinos e são ambos altamente poluentes: Deposição em aterro ou incineração. Ao fabricar a pele,  esses couros e peles em bruto são transformados num produto natural e altamente versátil para artigos de moda de vestuário, calçado, para estofos de mobiliário, automóveis, aviões, barcos, comboios, etc e até vestuário de segurança para bombeiros e pilotos de corridas.


•    A Industria de Curtumes polui rios, contamina a atmosfera e é mais perigosa para o ambiente que os produtos derivados de combustiveis fosseis, como os materiais sinteticos. Não é verdadeiro. No passado, como em muitas industrias, conceitos como a proteção ambiental ou a sustentabilidade não eram uma prioridade para as empresas. Mas as coisas mudaram! Felizmente, uma maior percepção da importância da sustentabilidade ambiental está agora no topo da agenda para muitos paises.  Tal como em muitas outras indústrias, há sempre espaço para melhorias, mas grandes passos na tecnologia, know-how, investimento em I&D e politicas ambientais exigentes tem conduzido a industria de curtumes europeia à liderança mundial em termos de sustentabilidade e de ser uma industria amiga do ambiente.
 
•    Existe muita atenção por parte da Comunicação Social à crueldade no tratamento dos animais nos matadouros. É verdade que temos assistido a algumas reportagens acerca de tratamento abusivo dos animais em alguns matadouros na Europa. Contudo, estes tristes acontecimentos são incidentes isolados e fortemente condenados por todas as associações europeias da industria de curtumes, pelos seus membros e pela confederação europeia da industria de curtumes, a COTANCE e também pela generalidade da sociedade. Por toda a Europa, os matadouros são regulados e existem leis contra a crueldade aos animais. É importante ter em conta que muitas fabricas de curtumes colocam o Bem-estar Animal como uma das prioridades principais da sua estratégia empresarial.


Cara sobrinha,
A pele é um produto forte, durável e versátil, que graças a processos de curtumes sustentaveis pode ser transformada em casacos, sapatos, malas, estofos de mobiliário, automóveis, aviões... Olha à tua volta!
Depois de comeres um belo bife ao almoço, estás deitada num belo sofá de pele com 12 anos e ainda tem um aspeto formidável... o carro em que vieste tem estofos em pele... Tu reciclas latas de bebida, garrafas de plástico, papel... então porque não pensar mais à frente e dares também um contributo para a reciclagem dos couros e peles em bruto? Porque não comprares um casaco desenhado na Europa, fabricado na Europa e com pele Europeia? Se cuidares bem do teu casaco este durará por muitos anos
e ficará cada vez melhor cada vez que o usares.

O que pensas acerca da pele agora?

Fonte: APIC
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