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Calçado à caça de talentos

quarta-feira, 2 de março de 2016
Calçado à caça de talentos

O mundo dos sapatos está a renovar-se. Conquistado o palco internacional, com o segundo preço médio mais alto do mundo, a seguir a Itália, a indústria portuguesa precisa, agora, de conquistar jovens talentos para as suas empresas. Gestores, designers e especialistas em tecnologias da informação precisam-se, mas também operários qualificados. Vem trabalhar na indústria mais sexy da Europa é a mensagem a passar. A iniciativa é da APICCAPS, a associação do setor.

O programa chama-se ‘Hot New Talents’, prevê um investimento de 400 mil euros, e é apoiado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). Na prática consta de uma “forte campanha” de sensibilização dos jovens para a realidade de uma indústria moderna. Arranca a partir de abril, com a instalação de outdoors nos dois principais polos de produção de calçado – Guimarães/Felgueiras e Oliveira de Azeméis/Santa Maria da Feira/São João da Madeira – e a realização de muitas ações de divulgação junto dos alunos nas escolas secundárias e das universidades, levando-os a visitar algumas das mais bem equipadas unidades do sector, bem como o Centro Tecnológico do Calçado e a Academia do Design e Calçado, numa lógica de programa de turismo industrial destinado a estudantes.

 Decorrerá ao longo do terceiro período escolar, logo a seguir à Páscoa. “Queremos mostrar que este é um setor que tem vindo a crescer e a modernizar-se e no qual não faltam oportunidades de carreira. O rejuvenescimento é uma das grandes prioridades da fileira”, explicou ao DN/Dinheiro Vivo o diretor comercial da APICCAPS, Paulo Gonçalves.

O Hot New Talents procura dar resposta às dificuldades sentidas pelos empresários na contratação de mão-de-obra qualificada. “A média de idades dos trabalhadores na indústria é muito alta e temos muita dificuldade em convencer jovens. Há um estigma, toda a gente quer ser doutor, ninguém quer ser sapateiro”, refere Paula Tavares, gerente da Step5, um projeto familiar com 40 operários em Santa Maria da Feira. O resultado é que os técnicos qualificados são cada vez mais escassos, logo “tornam-se muito bem pagos”. Quão bem pagos? “Um bom modelador pode ganhar quase tanto como um administrador. Estamos a falar em 1900 euros limpos, o que significa um salário de 2300 ou 2400 euros”, acrescenta.

 Na Profession Bottier, a opção tem sido contratar jovens à procura do primeiro emprego e formá-los internamente. “É a chamada paciência industrial”, brinca Ruben Avelar. “O nosso calçado exige muito trabalho manual. Assim, podemos moldar o funcionário segundo os nossos parâmetros de produção.”

 Paulo Gonçalves reconhece que o estigma anti-indústria ainda vai existindo, sobretudo nas zonas de produção tradicional de calçado, onde as famílias trabalham na indústria há 30 ou 40 anos e os filhos não querem seguir os mesmos passos dos pais. Mas muito tem vindo a mudar graças à mudança de imagem do setor, visto como um dos mais modernos e inovadores, graças às campanhas que apresentam o calçado como a indústria mais sexy da Europa. “Precisamos de jovens para a produção, mas não só. Também precisamos de quadros superiores para as áreas comerciais, de marketing e de design, para a logística ou especialistas em tecnologias da informação. A qualificação e o rejuvenescimento do cluster é um dos eixos centrais do plano estratégico da fileira do calçado, o Footure 2020.

O documento, da responsabilidade de uma equipa da Universidade Católica, do Porto, liderada por Alberto Castro, preconiza necessidade de “atrair jovens com qualificações adequadas às exigências dos modernos processos produtivos”, mas também de “qualificar os atuais trabalhadores”. No ano passado, as exportações de calçado atingiram um novo recorde de 1865 milhões de euros, um aumento de 1%, graças à aposta em novos mercados fora da Europa, como o Canadá, os EUA, os Emirados Árabes, a Austrália e a China. Continuar a ler - Veja mais em:

Fonte: www.dinheirovivo.pt
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