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APICCAPS apresenta choque Estratégico e prepara nova década de crescimento

quarta-feira, 30 de novembro de 2022
O Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 define quatro prioridades: Qualificação de Pessoas e Empresas; Produtos e Processos Sustentáveis; Flexibilidade e Resposta Rápida e Presença Ativa nos Mercados | 24 medidas | 113 ações concretas.
APICCAPS apresenta choque Estratégico e prepara nova década de crescimento

 “Ser a referência internacional da indústria de calçado e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”. Esta é a visão do cluster português de calçado para 2030.
 
O novo Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 publicamente apresentado,  no dia 29 de novembro, define quatro prioridades (Qualificação de Pessoas e Empresas; Produtos e Processos Sustentáveis; Flexibilidade e Resposta Rápida; Presença Ativa nos Mercados), 24 medidas e 113 ações concretas para reposicionar o setor na cena competitiva internacional.
 
Com este «choque estratégico» o setor prepara, na ótica do Presidente da APICCAPS, “uma nova década de crescimento”. “Este Plano é mais do que uma visão, é um compromisso do setor para aprofundar a sua competitividade no plano internacional e continuar a gerar valor para o nosso país”, sublinhou Luís Onofre. O documento apresenta, adicionalmente, cinco projetos-âncora (Academia Digital, Inclusão & Responsabilidade Social, Compromisso Verde, Centros de Demonstração e Empreendedorismo de Marca), áreas de intervenção consideradas fundamentais no progresso do setor.
 
Quatro décadas de estratégia

Ainda que a APICCAPS apresente Planos Estratégicos de forma regular há mais de quarenta anos – nesse período o emprego triplicou, a  produção multiplicou por cinco e as exportações por 13 - são diversas as circunstâncias que justificam a elaboração de um novo documento: “na última década, houve uma profunda alteração nas preferências dos consumidores; o comércio eletrónico veio impor uma reconfiguração dos canais de distribuição; o mercado internacional de calçado está em transformação, com a afirmação de novos protagonistas; a pandemia de COVID-19 veio alterar hábitos e abalar a estrutura empresarial”. Ao longo do documento analisam-se estes e outros fatores e as suas implicações para o cluster do calçado.
 
De acordo com a APICCAPS “um plano estratégico setorial é, obviamente, um documento peculiar. Um setor, ou um cluster, não é uma organização unitária com uma estrutura e uma hierarquia bem definidas. É uma realidade ampla, difusa e complexa, em que convivem empresas com situações e ambições muito diversas com instituições de natureza variada”. “Este deve ser um plano integrador”, considera Luís Onofre, pelo que se procurou “que nele constassem as linhas de ação que coletivamente o setor tem de concretizar, mas também assegurar que nele existisse espaço para que cada empresa possa, naturalmente, enquadrar a sua estratégia individual”. O plano estratégico setorial não pode, nem deve, ter a pretensão de impor opções – e, em particular, uma opção única – a todas as empresas. A sua função é informar e persuadir.

De acordo com a APICCAPS, “embora cada plano tenha de atender às circunstâncias específicas do momento em que é produzido, a continuidade e regularidade destes exercícios tem garantido que a atuação da APICCAPS siga um rumo cujas coordenadas fundamentais, sem prejuízo dos ajustamentos necessários em cada edição, têm sido a aposta nos mercados internacionais, a progressão na cadeia de valor e a flexibilidade produtiva”. Acresce que “os desafios com que o cluster do calçado está confrontado são significativos”. São vários os fatores que elevam o clima de incerteza como “a escassez de mão-de-obra qualificada, o aumento acentuado da inflação e seus reflexos na política monetária, a emergência de novos canais de distribuição, a afirmação de novos concorrentes, as alterações nas preferências dos consumidores ou a incerteza sobre a evolução do consumo”, recorda Luís Onofre. Ainda assim, “essas dificuldades não nos levarão a abandonar os princípios fundamentais que têm guiado a nossa evolução ao longo de décadas, nem vamos, agora, ceder a apelos protecionistas que sempre rejeitamos”.  
 
Na última década, a importância atribuída pela sociedade e pelos consumidores ao tema da sustentabilidade cresceu exponencialmente. Trata-se, para a APICCAPS, de “um tema que temos de trabalhar com o maior afinco, transformando-o num dos nossos argumentos competitivos fundamentais. A manutenção da nossa competitividade exige também que encontremos soluções para responder ao aumento dos nossos custos de produção e à escassez de mão-de-obra: temos de compatibilizar a escala das empresas nacionais com processos de automação que reforcem a sua eficiência produtiva”. Adicionalmente, o setor não poderá “excluir soluções de gestão da cadeia de valor internacional que permitam reforçar a competitividade”, pelo que “dentro do esforço de progressão na cadeia de valor empreendido, terá de reforçar a apostar na criatividade e na marca para posicionar os nossos produtos”, na medida em que “é a solução que garante maior independência estratégica, sendo desejável que represente uma parcela crescente das exportações nacionais”. Já a qualificação é, na voz do Presidente  da APICCAPS, “o grande imperativo”.
 

Abordagem cirúrgica dos mercados

O esforço de promoção internacional, seja ao nível da indústria, seja ao nível individual de cada empresa, carece de foco geográfico: os meios ao dispor não são ilimitados e a sua eficiente aplicação requer que sejam canalizados para os mercados em que a probabilidade de tradução em vendas adicionais seja mais elevada.
Por esse motivo, no âmbito do Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, a APICCAPS analisou entre os mercados os que oferecem as melhores perspetivas de sucesso comercial.
 
Com efeito, a quantidade de calçado adquirida num determinado país é fundamentalmente determinada pelo número e pela situação económica dos seus habitantes, embora muitos outros fatores, desde o clima à estrutura etária da população, sejam também relevantes. Também as perspetivas de evolução da população e do PIB per capita de cada país deverão ser tidas em consideração. A quantidade de calçado consumido em cada país não é, no entanto, um indicador suficiente para orientar os esforços comerciais da indústria portuguesa de calçado. Diferentes países apresentam diferentes padrões de consumo e uns adequam-se melhor do que outros à sofisticação e criatividade, e consequente preço, que caraterizam a oferta portuguesa. A procura por calçado com estas caraterísticas concentra-se predominantemente em consumidores com níveis de rendimento elevados. Admitimos aqui que o mercado potencial do calçado português é constituído pelos consumidores que têm um rendimento igual ou superior à mediana do PIB per capita dos países da OCDE em 2020, ou seja, cerca de 38 500 dólares. Trata-se, obviamente, de uma simplificação, uma vez que não existe uma fronteira estrita, em termos de rendimento, entre os consumidores com apetência pelo calçado português e os que não a têm.

De acordo com o critério adotado, o mercado potencial para o calçado português é constituído por 9,1% da população mundial, ou seja, cerca de 690 milhões de pessoas. Com base em informação disponível no Banco Mundial, estimamos que 30% destes consumidores se localizem nos EUA, 21,6% na UE, 11% na China, 7% no Japão e 7% noutros países europeus, estando os restantes dispersos pelo mundo.
Com base na informação disponível numa análise aprofundada, estima a APICCAPS que “existam no mundo 145 cidades”, que devem ser consideradas prioritárias para o calçado português, 63% das quais concentradas na Europa e nos EUA.

Constituído por 1500 empresas, responsáveis por cerca de 40 mil postos de trabalho, o setor de calçado exporta mais de 95% da sua produção para 172 países, nos cinco continentes. Até setembro, Portugal exportou 61 milhões de pares de calçado, no valor de 1537 milhões de euros, o que representa um crescimento de 22,5% face ao período homólogo do ano anterior.

 

Fonte: APICCAPS
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