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Peter Drucker e o Caso Portugal

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Peter Drucker e o Caso Portugal

No dia 12 de Novembro de 2005, no Centro de Congressos de Lisboa, a AESE reuniu um grupo de cerca de 500 gestores para reflectirem sobre o “Caso Portugal”.
Pretendia-se neste dia de trabalho contribuir para identificar quais as atitudes, decisões e medidas que os gestores e profissionais presentes no evento, no âmbito das suas responsabilidades, deveriam assumir de forma a contribuir para que Portugal encontre novamente um trajecto de crescimento e desenvolvimento.
Precisamente na véspera, a 11 de Novembro, morreu Peter Drucker aos 95 anos na sua casa em Claremont na Califórnia.
No âmbito desta reflexão sobre qual deve ser o nosso contributo para permitir que o país reencontre um trajecto de desenvolvimento, faz sentido ter presente as recomendações de Peter Drucker relativamente à responsabilidade dos profissionais do conhecimento, nomeadamente os gestores e os empresários, no contexto da realidade das sociedades do século XXI.
Se a questão fundamental nesta economia do conhecimento é a qualidade e a excelência, o grande desafio que se nos coloca é saber de que forma poderemos dar a nossa melhor contribuição possível.
Para respondermos a esta questão, deveremos, segundo Peter Drucker, colocar as seguintes questões:

  • Primeiro, temos que perguntar, no âmbito das nossas responsabilidades, qual é o nosso contributo. Este contributo deve fazer a diferença e deve ser visível. E não se trata de um qualquer contributo. Trata-se de o melhor contributo de que se é capaz.
  • Segundo, temos que, com autonomia, assumir a responsabilidade do nosso contributo em termos de gestão do tempo e de qualidade do trabalho desenvolvido.
  • Terceiro, a inovação é parte da nossa responsabilidade e somos responsáveis pela nossa aprendizagem permanente.
Finalmente, o trabalho desenvolvido é avaliado essencialmente em termos qualitativos. O importante é a qualidade e a excelência.
Neste contexto surge como uma grande exigência a capacidade de nos gerirmos a nós mesmos. E para isso temos vários desafios.
O primeiro é que só podemos ter uma boa performance se soubermos quais são as nossas forças. Como refere Peter Drucker, “a concentração deverá ser feita em áreas de grande competência e elevado talento. É necessária muito mais energia e muito mais trabalho para passarmos de uma fase de incompetência para uma competência mediana do que para passarmos de um nível bom de performance para patamares de excelência.
A energia, os recursos e o tempo deverão ser usados para transformar pessoas competentes em pessoas com níveis excepcionais de competência.
Este desafio não é óbvio e não é fácil. Muitos profissionais escolhem a área onde desenvolvem o seu trabalho não com base nos seus talentos mas por tradição familiar ou porque foi o que aconteceu em virtude de circunstâncias fortuitas.
Construir as nossas competências sobre os nossos talentos, sobre aquilo em que somos fortes, pressupõe um conhecimento pessoal.
O segundo desafio é a forma pessoal de trabalhar.
Como refere Peter Drucker, as pessoas são boas fazendo aquilo em que são boas mas também fazendo-o como se sentem bem a fazer.
Somos diferentes na maneira como aprendemos e agimos e temos que ajustar a forma como trabalhamos e estamos às nossas características inatas.
A propósito deste assunto, Peter Drucker aconselha a que não nos tentemos mudar, mas sim a trabalhar arduamente para melhorarmos a forma como realizamos e concretizamos.
Em síntese e perante uma situação concreta, cada um de nós deverá responder às seguintes questões:
O que é que esta oportunidade exige? Como posso dar a maior contribuição possível com as minhas forças, a minha forma de trabalhar e os meus valores? Que resultados tenho que alcançar para fazer a diferença?
Finalmente, os diversos objectivos que temos na vida devem ser alcançados de forma equilibrada. Numa perspectiva de médio prazo, uma pessoa que valorize apenas um objectivo em detrimento dos outros compromete a sua força e vitalidade.
A nossa vida é feita de várias dimensões: a família, o trabalho, os amigos, a aprendizagem, a espiritualidade e a saúde. A nossa criatividade e capacidade em qualquer destas dimensões dependem do desenvolvimento de todas as outras.
Há assim a necessidade de os objectivos nestas diferentes dimensões serem alcançados de forma equilibrada.
Uma leitura da vida que previlegie uns objectivos comprometendo outros, numa perspectiva de médio prazo tem consequências negativas.

Fonte: Diário Económico, 15.Dez.05
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