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Especialistas defendem compra de marcas para inovar e exportar

quinta-feira, 21 de abril de 2005

Especialistas defendem compra de marcas para inovar e exportar

A compra de marcas externas traz menos riscos e permite alcançar progressos mais rápidos na competitividade das exportações, pelo que é preferível à criação de marcas próprias nacionais, defenderam especialistas no II Encontro Nacional de Inovação da Cotec, decorreu em Lisboa.
Daniel Bessa, director da Escola de Gestão do Porto (EGP) e orador convidado para o painel sobre potencial de desenvolvimento e inovação em Portugal, considerou que a via das aquisições de marcas é “mais rápida e tem menos riscos envolvidos”. Carlos Moreira da Silva, presidente da vidreira Barbosa & Almeida e um dos comentadores convidados, sublinhou que “a compra de marcas é melhor” porque implica menos riscos do que criar uma marca própria num mercado novo.
No encontro da associação empresarial, o professor da EGP defendeu que o desequilíbrio externo da economia portuguesa é “mais complexo” de solucionar do que o défice público pois o primeiro “não pode ser resolvido apenas por nós”. “Para equilibrarmos a balança de transacções correntes (BTC), Portugal precisa de vender e exportar mais bens e serviços”, lembrou.
O ex-ministro da Economia frisou que o país está com graves problemas de financiamento porque “as coisas não correram bem nos últimos anos” no sector dos transaccionáveis (bens e serviços de exportação). Portugal cresceu com o investimento orientado para o mercado interno, beneficiando sobretudo o sector do imobiliário, o sistema financeiro e os serviços à colectividade. Em resultado disto, formou-se um défice da BTC na ordem dos 10% do PIB, qualquer coisa como 13 mil milhões de euros ao ano ou 35 milhões de euros por dia, um “ritmo de cruzeiro que se deve manter em 2005 e 2006”. Isto traduz-se num problema “gravíssimo” do sistema bancário nacional (e, como consequência, da própria actividade económica), e reflecte as necessidades de financiamento da economia doméstica, acrescentou.
Depois sustentou que “para exportar é preciso inovar” e aproveitou para dar alguns exemplos de sucesso que têm ocorrido em Portugal. Nos sectores tradicionais (têxtil, vestuário e calçado), o professor propôs a união entre centros tecnológicos e empresas, no turismo elogiou o modelo madeirense e defendeu a exploração dos segmentos de qualidade (sénior, residencial, deporto e lazer), entre muitos outros.
Apontou ainda para os eventuais “novos ‘clusters’” da economia portuguesa, como a saúde e a aeronáutica.

Fonte: Diário Económico, 20.Abr.05
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