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Zara fecha fábrica Asiática por falta de condições

terça-feira, 1 de julho de 2008
Zara fecha fábrica Asiática por falta de condições

O tema da responsabilidade social corporativa não é apenas uma política escrita na Inditex. O grupo espanhol Inditex “ordenou” o encerramento de uma fábrica asiática que não respeitava as condições mínimas laborais embora esta não laborasse para a Inditex, mas estava associada a uma outra que o faz.

A Inditex exerceu a sua influência junto de um dos seus fornecedores para que este encerrasse uma fábrica localizada no Bangladesh que estava sob suspeita de não cumprir com a legislação laboral.

Esta medida foi tomada após a denúncia, realizada por um grupo de trabalhadores junto da cadeia britânica BBC de que aquela unidade produtiva apresentava condições laborais precárias. Além da recomendação de encerramento, a Inditex exigiu que o fornecedor construísse uma nova fábrica que cumprisse com os requisitos mínimos exigidos pelos espanhóis e que garantisse os postos de trabalho da unidade encerrada.

As condições de trabalho dos países em vias de desenvolvimento voltam assim a gerar polémica junto de um gigante multinacional do mundo da moda, depois do caso da Primark na Índia. A Inditex “apressou-se” a pressionar o seu fornecedor a encerrar a unidade fabril logo que foram tornadas públicas as acusações e as condições de trabalho às quais estavam sujeitos os seus trabalhadores.

Segundo declarações da Inditex, a fábrica em questão, apesar de não produzir artigos para a têxtil galega, está inserida num grupo empresarial fornecedor da Inditex. Segundo os proprietários da Zara, as condições de segurança e de higiene eram «inadmissíveis», pelo que instaram a que os proprietários encerrassem a unidade e construíssem uma nova que cumpra com os requisitos do grupo espanhol e que garanta também os direitos e as liberdades sindicais dos trabalhadores. Por último, reforçaram a ideia de que a unidade de onde a Inditex importa os seus artigos cumpre integralmente com o código de conduta da empresa.

Este caso tornou-se público após uma investigação levada a cabo pela BBC na capital do Bangladesh, Dhaka, onde se tornou evidente a precariedade das condições laborais daquela unidade. Uma das trabalhadoras referiu que as condições da fábrica são muito más e que são cometidos abusos verbais e físicos sobre os trabalhadores. «Quando cometemos um erro, por mínimo que seja, batem-nos ou reduzem-nos o salário», referiu.

Outra trabalhadora assegurou que não podiam abandonar a empresa porque tinham um montante considerável de salários em atraso. «Se sairmos, não nos pagam o que nos devem. Esse é o problema, não é fácil abandonar a fábrica», acrescentou.

As trabalhadoras entrevistadas afirmaram que tinham trabalhado artigos para a Zara.

No entanto, o director de responsabilidade social da Inditex, Javier Chercoles, assegurou à BBC que, nos últimos cinco anos, a Zara não tinha efectuado encomendas naquela unidade.

Os auditores da Inditex, de visita à fábrica, descobriram produções que se destinavam a inúmeras marcas internacionais, mas não ao grupo espanhol.
A fábrica em questão está associada a uma outra que produz artigos para a Zara onde as condições são consideravelmente melhores. Segundo o grupo espanhol, é possível que se tenha transferido parte da produção de uma fábrica para a outra sem o conhecimento e autorização da Inditex.

Diversas marcas de moda, como a Zara, Cortefiel e Mango, levam a cabo dezenas de auditorias realizadas numa base anual para verificarem o cumprimento de condições e requisitos de responsabilidade social e ambiental. Muitas marcas, onde se incluem as três referenciadas, fazem parte da aliança Iniciativa de Comércio Ético (Ethical Trading Initiative), que procura fomentar o cumprimento dos códigos e das boas práticas laborais.

No caso do grupo detentor da Zara, este tipo de auditorias, levou a que a Inditex anulasse em 2006 contratos de fornecimento com cerca de 300 fornecedores devido a práticas relacionadas com o trabalho infantil, com a exploração laboral e com o incumprimento dos valores de salário mínimo.

Fonte: Portugal Têxtil, 01.Jul.08
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