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Burberry aposta forte nos acessórios

terça-feira, 11 de março de 2008
Burberry aposta forte nos acessórios

A marca de moda britânica Burberry está a terminar os testes das lojas Icon, um novo formato de loja dedicado aos acessórios que pode ajudar a temperar as perspectivas mais pessimistas da economia americana. A casa de moda britânica pode ainda trocar de mãos este ano, segundo os rumores de uma possível compra pelo Coach ou Gucci.

A casa britânica de artigos de luxo, cuja marca tem experimentado o maior renascimento desde os trench coats usados pelos soldados britânicos na I Guerra Mundial, foi para Hollywood para espicaçar o desejo das celebridades por carteiras caras. E quase não existe um trench coat ou um sinal do padrão xadrez, que é a assinatura da marca, à vista no novo formato de loja.

Em vez disso, o novo espaço, baptizada de Icon no seguimento das gamas mais altas da Burberry, está repleto de acessórios. Filas de óculos de sol flanqueiam a entrada do chão ao tecto enquanto que prateleiras estão repletas de sapatos e carteiras. Perfumes, relógios e joalharia ocupam a área de pagamento.

Com cerca de 240 m², um quarto do tamanho da loja Burberry de Knightsbridge em Londres, o formato compacto procura ainda maximizar a tentação dos consumidores. E a atenção dos clientes é captada. «É gira», considera Sarah Lukes, 37 anos, em frente à loja do Beverly Center. «Não tinha percebido que faziam relógios e tantos sapatos. Normalmente penso neles para casacos compridos e trench coats».

Para a Burberry, o projecto não é apenas “giro”. A loja Icon – quatro estão nos EUA e uma em Praga – é parte de uma aposta para diminuir a distância a rivais como a Louis Vuitton. A maior casa de moda britânica espera que, ao expandir-se além das suas origens de trench coat, para acessórios mais caros, conseguir chegar aos compradores de carteiras de valor superior a 3.000 dólares e de sapatos de gama alta, que, por norma, são relativamente imunes às dificuldades económicas.

Durante os seis meses até Setembro, a Burberry fez um terço dos seus 254 milhões de libras em vendas de acessórios. Para esta Primavera, está planeada a venda da mala Warrior, em pele de crocodilo dourada, por 13.000 libras.

Angela Ahrendts, directora executiva da Burberry, afirmou em Novembro que estava «entusiasmada» com os resultados iniciais das lojas Icon. Mas realçou que se tratavam somente de testes e só daí a seis meses seria tomada qualquer decisão sobre «investimento agressivo» para expandir o formato. Isso pode ter como resultado a existência de quatro tamanhos diferentes de loja da Burberry em áreas afluentes como Boston, Texas, Florida e Los Angeles, onde as experiências Icon nos EUA estão a ter lugar.

Também a directora financeira da empresa, Stacey Cartwright, reiterou que a administração da Buberry estava «extasiada» com os resultados do novo formato de loja e que irá decidir os próximos passos já no final deste ano fiscal, que termina no corrente mês. O negócio de não-vestuário da Burberry registou um «crescimento de 30%» no terceiro trimestre, acrescentou.

Quanto ao director de design da marca, Christopher Bailey, revelou durante os desfiles de Milão que o negócio dos acessórios estava «incrivelmente bem». «O negócio está ao rubro», sustentou Bailey. 
 
Este negócio tem contribuído, certamente, para os resultados da marca e para os recentes rumores de compra. A Burberry viu o valor das suas acções aumentar, com uma progressão de 6,7%, que se junta a um aumento de 6,8% registado a 7 de Março, com os ganhos acumulados mais importantes desde Outubro de 2002, devido à especulação de uma possível oferta de compra por parte de um fundo de investimento ou de um grupo do sector.

Para a imprensa britânica deste fim-de-semana, o Coach, que é considerado como o maior grupo de luxo dos EUA, não terá ficado imune aos bons resultados da Burberry e pode estar interessado na casa britânica. Para os observadores, as duas sociedades têm culturas particularmente compatíveis. Mas a Burberry pode também constituir um apetecível negócio para a Gucci, filial do grupo PPR, apesar da casa de moda britânica ter anunciado em Janeiro que provavelmente não atingirá os seus objectivos em termos de resultados anuais (ver Burberry falha objectivos).

No passado ano fiscal, a Burberry viu o seu volume de negócios aumentar 14,5%, para os 850 milhões de libras, e os seus lucros crescerem cerca de 4%, para os 110 milhões de libras. A rentabilidade foi, contudo, afectada pelos encargos de 22 milhões de libras ligados a um novo sistema informático e de 6,5 milhões de libras devido ao encerramento de algumas fábricas.


Fonte: Portugal têxtil, 11.Mar.08
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