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Goldmud alia conforto ao `glamour` e segue à conquista do mercado internacional

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Goldmud alia conforto ao `glamour` e segue à conquista do mercado internacional

Quatro gerações depois, tudo mudou na fábrica de calçado da família Abreu, de Felgueiras, que após anos a fio a apurar a arte do sapato perfeito, aposta agora em modelos coçados, de sola cambada e aspecto velho e usado.

Luís Miguel Abreu filho de um dos actuais proprietários da Abreu & Abreu, responsável pelo lançamento, há dois anos, da marca própria Goldmud, explicou à Lusa  que após décadas a "lutar contra defeitos e reclamações" pela mais insignificante imperfeição detectada num sapato, o seu pai vê agora sair das portas da fábrica, pelas mãos do filho, uma nova marca onde abundam os sapatos com ar usado, já coçado e de sola cambada, cujo preço final oscila entre os 100 e os 240 euros.

"Um sapato tão bem feito e foram dar cabo dele" foi, segundo Luís Miguel Abreu, um dos primeiros desabafos do seu pai ao assistir ao tratamento final dado ao calçado da Goldmud, naturalmente menos sensível ao assumido desejo de provocação de estilos subjacente à nova marca.
Lançada há dois anos por Miguel Abreu, filho de um dos fundadores da fábrica e com formação na área de marketing, a Goldmud é a primeira marca própria da responsabilidade da família Abreu, após décadas a trabalhar por encomenda para algumas das maiores marcas internacionais.

Desde terça-feira e até ao final desta semana a marca integra a delegação de 80 empresas portuguesas de calçado que participam na maior feira do sector do mundo, a MICAM, em Milão, Itália.

O  próprio nome junta os conceitos opostos de ouro (gold) e lama (mud), a Goldmud aposta na "junção do chique e do `glamour` a um mundo que se pretende cada vez mais natural e em movimento".

Às peles de qualidade superior de que são feitos os vários modelos disponíveis, ao seu design vanguardista e ousado e aos cuidados forros estampados e revestimento interior juntam-se vincos na pele, contornos dos dedos do pé e solas cambadas que, normalmente, só surgiriam após um uso continuado do sapato.

"O nosso público-alvo são homens e mulheres entre os 17 e os 45 anos, com muita auto-estima e confiança pois a colecção é arrojada e quer marcar a diferença, fugindo ao normal sem, contudo, deixar de ser comercial", explicou o mais novo elemento da família Abreu a chegar ao negócio do calçado.

Depois de contratar um estilista da sua confiança, responsável pelo desenvolvimento técnico e estético da marca, Miguel Abreu apostou num sapato cuja construção, "totalmente nova", mereceu mesmo um registo internacional de patente.

Com as costuras cosidas à mão, os sapatos Goldmud são "uma espécie de mocassin invertido", nas palavras do estilista Avelino Pimenta, associando o conforto de um dos mais tradicionais modelos de sapatos à irreverência e ousadia do `design` da marca.

Por enquanto as vendas são apenas para o mercado externo, mais receptivo quer à irreverência, quer ao elevado preço dos sapatos Goldmud, mas a intenção de Miguel Abreu é tentar já este ano a sorte em Portugal.
"Agora não temos possibilidade de errar. Uma marca exige muito dinheiro e dedicação e nós não temos nem euros, nem tempo para esbanjar", admite.

Antevendo um futuro "muito interessante" para a Goldmud, o empresário registou, desde logo, a marca nos segmentos de calçado, acessórios de pele, perfumaria e vestuário, embora recuse, por enquanto, "dar saltos em falso" e garanta que a prioridade é conquistar mercado para os sapatos.
França, Alemanha, Espanha, Inglaterra e Itália são os países onde já é possível comprar sapatos Goldmud, sendo a Ásia a próxima aposta prevista.

"Estamos a preparar estudos de mercado para vermos os próximos países onde entrar", afirmou, mas o facto de a Europa já guardar poucos segredos à empresa torna a entrada na Ásia, com todo o seu potencial, quase "urgente".

"Mais um ou dois anos, no máximo, e queremos estar lá", confessou Miguel Abreu, admitindo encomendar a um estilista local "de renome" alguns "retoques" na colecção a colocar naquele mercado, não só para conferir aos sapatos um `look` mais ao gosto asiático, mas também como estratégia de `marketing` para conquistar simpatias locais.

Ainda que em pequenos volumes, já que a colecção da Goldmud tem um peso ainda inferior a 1 por cento na produção total da Abreu & Abreu, os ousados sapatos da nova marca convivem, entre as quatro paredes da fábrica e nas mãos dos 130 trabalhadores, com alguns dos mais conservadores modelos produzidos pela unidade de Felgueiras.

Entre eles, os tradicionais `mocassins`, aos quais a Whywe Trading - empresa comercial detentora da marca Goldmud - foi buscar inspiração.
Com cerca de 6.000 pares vendidos até ao momento, a Goldmud aponta como objectivo chegar ao final da época Primavera/Verão de 2009 com 30 mil pares nos pés de clientes europeus.

Uma verdadeira "gota" no "oceano" quando comparado com os 2.000 pares que a Abreu & Abreu fabrica por dia, e a que se juntam ainda os pares produzidos por empresas que subcontrata, e que se traduzem num volume de negócios anual de 13 milhões de euros.

"Agora que temos um conceito definido, uma filosofia de marca, podemos crescer rapidamente", garante Miguel Abreu.

Fonte: Noticias RTP, 28.Fev.08
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