Notícias

Segredos no fabrico de sapatos de luxo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Segredos no fabrico de sapatos de luxo

Uma pegada de lobo, é o que distinguirá os homens que comprarem um dos quatro novos modelos de sapatos de luxo Berluti (a partir de 700 euros). Para a sua última criação Olga Berluti desenhou a pata do animal, esculpida na borracha e cravada no couro da sola do sapato.

Há  quase cinquenta anos que a Sra. Berluti, filha de Alessandro Berluti, fundador em 1895 da casa de sapatos de luxo, cria sapatos preciosos, com desenhos e cores originais. Para a Sra. Berluti, o desenho de um sapato aparenta-se à arte. Trabalhou ao lado de grandes artistas como Yves Santo Laurent, François Truffaut ou Andy Warhol para quem desenhou alguns sapatos.

O couro é considerado pela criadora como um prolongamento da pele. Ele é tatuado, perfurado , transformado e recozido. A casa propõe escarpins realizados com uma só peça de couro, sem costuras. Outra particularidade dos sapatos da casa é o seu colorido. Quase tudo é possível a pedido do cliente. O segredo de fabrico, ciumentamente guardado, consiste nomeadamente numa descoloração e coloração do sapato feito à mão.
Uma técnica que se reencontra em Santoni para as séries limitadas (quatro modelos realizados por dia) deste calçado italiano. É a coloração pela aplicação de várias camadas de uma espécie de laca que dá a cada modelo um aspecto único. As peles podem ser também preciosas.

Nesta casa chegou a fazer-se um nome no sapato de luxo (exemplar a partir de 300 euros). O fabrico é automatizado em parte, mas Santoni afirma uma conclusão "à mão" de cada peça. Quase 300 operações são efectuadas sobre cada sapato que passa em 150 pares de mãos. Cada trabalhador é especializado sobre uma tarefa específica, o que lhe permite adquirir um perfeito controlo da sua arte.

 No pequeno atelier John Lobb, situado não distante de Paris, é o silêncio que domina. Uma quinzena de pessoas confecciona os modelos por medida da marca francesa. São clássicos mas podem ser adaptados ao gosto de cada cliente ou trabalhados em todos os couros (de avestruz, de elefante...). O fabrico de um sapato (a partir de 4.000 euros) começa pela medida do pé que não se resume a uma simples pergunta de dimensão. Permite realizar um desenho do pé espalhado de sinais cabalísticos incompreensíveis para o profano. Estas indicações servem à confecção de uma forma  própria para fabricar um sapato. Não se trata do modelo definitivo, mas são utilizadas para ensaios que podem estender-se durante três meses até obter um corte perfeitamente adaptado ao pé.

São necessários entre dois e cinco meses para realizar uma série de operações feitas à mão: dimensão do couro, costura da sola e mesmo engraxar com cera de abelha. Uma vez entregue, a forma do sapato é conservada preciosamente numa adega. Sobre rótulos lêem-se os nomes dos grandes proprietários das finanças, da indústria e do cinema.


Fonte: Le monde.fr,11.Fev.08
1816

Voltar