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Calçado deve apostar na qualificação e tecnologia - Mira Amaral

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Calçado deve apostar na qualificação e tecnologia - Mira Amaral

O Centro Tecnológico de Calçado é um caso de sucesso, afirma o ex-ministro da Energia de Cavaco Silva, Mira Amaral, durante uma conferência sobre competitividade e inovação, promovida pela comissão distrital de Aveiro do PSD.  “Uma empresa não se faz só com doutores e engenheiros”, defendeu.

Segundo  este antigo ministro, o problema da indústria portuguesa reside “na falta de quadros intermédios competentes e com formação tecnológica”. E lança uma dura crítica à época em que se eliminou o ensino técnico: “Foi um grande erro”.

No caso particular de S. João da Madeira, Mira Amaral recordou os tempos áureos de uma indústria de calçado que funcionava a todo o vapor. Fragilizada com a queda da produção e a concorrência dos mercados externos, o concelho tem ainda poder para continuar a evoluir. Mas, para isso, “tem que apostar no calçado de alta tecnologia”, destaca o engenheiro. E neste aspecto, o Centro Tecnológico de Calçado de Portugal(CTCP), sedeado em S. João da Madeira, está no bom caminho. “O CTCP excedeu as expectativas, é um caso de sucesso”, afirma.
Mira Amaral recomenda um conjunto de medidas orientadas para o valor-acrescentado, só possível com a articulação de dois factores fundamentais: investigação, para criar conhecimento, e inovação, para aplicar esse know how, produzindo assim valor-acrescentado, podendo assim fazer face à estratégia dos baixos salários.

Dando como exemplo a Finlândia e a Irlanda que têm dado provas de que mesmo numa conjuntura difícil é possível progredir. Como? Conjugando os esforços de empresas, Governo e autarquias: “É todo um ecossistema! Não basta fazer uma coisa nova, têm que se fazer sempre coisas diferentes”.

Segundo Mira Amaral, “o Estado português deve preencher lacunas na indústria, porque não existe uma comunidade rica para apostar no empreendedorismo”. E em vez “das novelas à volta do BCP” e dos “elefantes brancos como o TGV”, o Estado deveria incidir mais na formação e inovação.

Mas “não é de um dia para o outro que se resolvem os principais problemas da economia portuguesa”, afirma o ex-ministro. A dívida externa e o défice público poderão ser combatidos através da “formação da mão-de-obra, utilização dos recursos endógenos e estímulo ao empreendedorismo dos jovens”, defende Mira Amaral.

Fonte: Labor,31.Jan.08
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