O Silicon Valley, como centro de inovação tecnológica de excelência, trouxe grandes benefícios económicos à região. No entanto, o seu modelo de desenvolvimento acabou por mostrar os seus limites, tendo surgido problemas de vária ordem, ligados ao seu rápido crescimento, nomeadamente, a subida do custo de vida, a congestão do tráfego, a degradação do ambiente, os limites da capacidade do sistema educativo, o agravamento das desigualdades socioeconómicas e os problemas habitacionais. A região, na verdade, não conseguiu desenvolver uma arquitectura institucional constituída por organizações públicas e privadas com capacidade para dar resposta aos inúmeros problemas que enfrenta. Tudo isto faz temer, por exemplo, que a atracção de talentos que a região tem exercido como "um bom sítio para viver e trabalhar" possa vir a desaparecer.
Assim, nos últimos anos, o Silicon Valley tem assistido a um esforço crescente por parte dos sectores público, privado lucrativo e não-lucrativo no sentido de solucionar os seus mais diversos problemas.
Uma grande parte das inovações sociais tem sido desenvolvida pelo sector não-lucrativo que tem ido para além das suas funções tradicionais, inovando, por exemplo, no apoio à instalação de microempresas, no desenvolvimento de uma cultura empresarial, na canalização de fundos para outras organizações não-lucrativas cujo objectivo é a redução da pobreza, através da criação de emprego, na resolução de questões habitacionais para grupos específicos e na promoção do capital social. A própria obtenção de financiamento, através da filantropia de risco, é, em si mesma, uma importante inovação social.
Neste sentido, podemos afirmar que as inovações tecnológicas têm que ser completadas com inovações sociais, como forma de sustentar e de consolidar um modelo de desenvolvimento que assenta num processo contínuo de inovação. Além do mais, as fronteiras entre aquelas duas formas de inovação não são completamente rígidas. As inovações tecnológicas resultam de um processo social e, de uma forma geral, não se difundem sem fazer apelo às inovações sociais, sendo o inverso, também, verdadeiro. As inovações sociais necessitam, com maior ou menor intensidade, de um mínimo de suporte tecnológico.
O caso do Silicon Valley evidencia as vantagens de uma maior colaboração entre a abordagem das inovações sociais, no domínio do desenvolvimento social e a das inovações económicas, na área do desenvolvimento económico. Apesar das investigações abundantes que se desenvolveram, nos últimos anos, em torno da noção de inovações sociais, os diversos estudos nunca alcançaram um grau satisfatório na sistematização deste conceito. Assim, a abordagem das inovações sociais ganharia uma maior consistência com o contributo das teorias económicas.
No sentido contrário, as investigações na área do desenvolvimento económico poderiam, também, encontrar algumas vantagens nos estudos das inovações, no domínio do desenvolvimento social, permitindo-lhes, por exemplo, uma melhor compreensão sobre o papel dos vários actores - Estado, mercado e sociedade civil - na governação da inovação. Parece, pois, haver todo o interesse na abertura das fronteiras entre estas duas abordagens.