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Tods foge de Itália

sexta-feira, 12 de julho de 2013
Tods foge de Itália

A crise económica que afeta o país transalpino está a levar a marca de calçado de luxo Tod’s a afastar-se do mercado interno, apostando nas vendas noutros continentes. No entanto, o know-how continua bem no centro de Itália, com um forte investimento na formação de novos artesãos.
Moldes de sapatos feitos à medida pendurados num atelier são o segredo por detrás da produtora italiana de sapatos de luxo Tod’s, que continua a florescer apesar de uma economia afetada pela recessão.

Harrison Ford, a princesa Carolina do Mónaco e Brad Pitt – assim como inúmeros novos-ricos em locais como Brasil e China – estão entre os clientes estrangeiros ricos que estão a impulsionar as vendas.

A produção artesanal e a gestão podem ser ainda internos mas a empresa – tal como muitas no sector de luxo italiano – foi forçada a desistir do seu mercado interno, pelo menos por agora. As vendas em Itália caíram 26,7% no ano passado e aumentaram 55% na China.
«Esqueçam» as vendas em Itália «este ano e vários anos depois deste», explicou o dono bilionário da produtora de calçado, Diego Della Valle, aos acionistas na última assembleia anual.

A Tod’s conseguiu um lucro líquido de 145,5 milhões de euros no ano passado – um aumento de 7,4% em comparação com 2011 – apesar de um contexto de austeridade e recessão no mercado interno, onde a economia está a encolher há dois anos. As vendas foram de 963,1 milhões de euros em 2012.

A Tod’s está sediada num complexo minimalista rodeado de oliveiras na região de Marche no centro de Itália. Uma equipa de pai e filho, Daniele de 51 anos e Matteo de 21, está entre os 900 trabalhadores da unidade. «É importante ser capaz de passar estes conhecimentos», afirmou Daniele num dos ateliers, cheio do cheiro a cola e couro.

A empresa, que emprega 3.000 pessoas em todo o mundo, foi fundada em 1978 e tornou-se conhecida pelos seus mocassins com solas em seixos de borracha. Produz cerca de 2,5 milhões de pares por ano – com preços no retalho de cerca de 300 euros cada.
«Aqui é como um banco», indicou Toni Ripani, 66 anos, que gere o rico stock de couros e peles, enquanto mexe em duas peles de crocodilo azul raras.

Os sapatos da Tod’s são feitos normalmente com 25 a 30 componentes, mas esse número pode subir até 70 para um modelo particularmente sofisticado.

Cada novo modelo é experimentado por dois funcionários. Um deles, Roberto, de 39 anos, revelou que o seu lema de trabalho é «trabalhar com paixão enquanto se está atento aos detalhes». O detalhe é uma espécie de obsessão na Tod’s – que tem exatamente 133 seixos de borracha em cada sola, uma espécie de assinatura do grupo.

A empresa teve um início anormal. A sua primeira coleção foi um fracasso mas ganhou fama depois do ostentoso patrão da gigante automóvel Fiat, Gianni Agnelli, ter usado um par numa entrevista na televisão. As suas coleções são agora mostradas nas passerelles de Milão.
A sede mais parece uma galeria de arte do que uma fábrica – 40 mil m2 preenchidos com pinturas e mobiliário de design, como uma mala do israelita Ron Arad. Num nível mais prático, tem um ginásio e uma creche.

Embora o seu modelo de negócio possa ser voltado para a exportação, a empresa está também à procura de talentos italianos. Tem um programa que oferece um estágio de 30 meses para jovens italianos desempregados – uma forma de assegurar o futuro da marca.

Fonte: Portugal Têxtil,11jul.2013
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