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Calçado português a caminho do Japão

segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Calçado português a caminho do Japão


Doze empresas portuguesas com lugar marcado na Tóquio Fashion World. Indústria vai ter interlocutor de referência na capital nipónica

O calçado português vai marcar presença na Tóquio Fashion World, feira de moda que decorre na capital japonesa em novembro. São 12 as empresas de calçado que se deslocam à capital nipónica com o apoio da APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos e do programa Compete nesta primeira participação no evento. Mas há mais empresas em lista de espera. “As perspetivas para o mercado são muito interessantes e o potencial é muito significativo”, diz Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da associação.

A primeira missão de prospeção ao Japão foi feita o ano passado. E a reserva na feira também. Hoje reconhece que foi prudente na reserva de espaço e que se tivesse optado por 15 ou 20 lugares a procura seria satisfeita. Basta ter em conta que os 12 lugares de exposição esgotaram em dois meses.

“Importa dizer que de todos os países relevantes para que exportamos, o Japão é aquele que compra o calçado português a um preço mais elevado. Estamos a falar de um preço médio exportado da ordem dos 43 euros. É um mercado com potencial, maduro e com um nicho de população que está já habituado a comprar produtos europeus nos segmentos médios e médios altos”, frisa o responsável associativo.

 O Japão tem uma população de quase 127 milhões de habitantes. Mas, para já, os industriais de calçado vão concentrar-se em Tóquio. A maior metrópole do mundo com mais de 37 milhões de habitantes, onde a APICCAPS vai ter um representante local que constituirá o seu “interlocutor de referência no mercado” japonês.

“A exemplo do que fizemos já na América Latina, onde abrimos aquilo que chamamos a primeira ‘delegação externa’ da APICCAPS, vamos ter um interlocutor em Tóquio eu responde pelas empresas todas, mas que também as ajuda, uma a uma, a identificar potenciais clientes e a dar-nos nota da evolução das tendências de consumo, etc. O Japão é um mercado muito distante e ou vamos lá com muita regularidade para recolher informação ou temos que ter alguém no terreno para nos prestar esse serviço”, explicou ao Dinheiro Vivo Paulo Gonçalves.

O mercado japonês já vale 13 milhões de euros para a indústria de calçado.

De olho na classe alta

O Japão é apenas uma das apostas do calçado português, a par dos Estados Unidos, da América Latina e, claro, da ‘velha’ Europa. Até porque é na União Europeia que a fileira, que exporta mais de 95% do que produz para 152 países nos cinco continentes (1,863 mil milhões de euros em 2015), continua a obter 84% das suas vendas externas. A meta é chegar a 2020 com os mercados extracomunitários a valer 20% das exportações.

 A prioridade são as cidades em que o índice de rendimento per capita seja superior a 30 mil dólares anuais. Este é o valor usado pela Goldman Sachs para definir o patamar da classe alta e é esse target que a indústria do calçado pretende atingir. De modo a saber quais os mercados potenciais existentes e os recursos a alocar para os conquistar, a APICCAPS promoveu um estudo de mercados a nível mundial, avaliando o poder de compra dos vários países e cidades.

O mercado japonês já vale 13 milhões de euros para a indústria de calçado. “Muitas vezes o discurso dos novos mercados é relativamente falacioso”, diz Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da associação. Não porque faltem cidades com poder de compra acima dos 30 mil dólares per capita anuais, mas porque, em muitos casos, estas cidades se encontram “muito dispersas”, o que obriga a grandes investimentos.

“Por isso é que a nossa lógica de intervenção se tem centrado nos países europeus, nos Estados Unidos e em algumas regiões específicas, como o Japão. Na China e na Austrália o problema é que as cidades com esta massa crítica são muito distantes umas das outras o que pressupõe um grande investimento financeiro e de recursos humanos. Na América Latina identificamos, apenas, 10 cidades com mais de um milhão de potenciais clientes de classe alta, das quais seis são no Brasil”, diz Paulo Gonçalves.

O Brasil é não só um imenso produtor, o terceiro maior a nível mundial, como cria enormes barreiras, tarifárias (chegam a ser de 40%) e não tarifárias, à entrada de calçado europeu no seu território. “Se o calçado fica retido, sem qualquer razão aparente, semanas ou meses na alfândega, é natural que o mercado não seja relevante para nós”, frisa.


Fonte: https://www.dinheirovivo.pt.05.set.2016
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