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Exportações de artigos de pele quadruplicaram desde 2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Exportações de artigos de pele quadruplicaram desde 2009

Nem só de calçado se faz o crescimento das exportações da fileira. O segmento dos artigos de pele - leia-se, malas, carteiras, pastas, cintos, etc, a chamada marroquinaria - está a apostar cada vez mais nos mercados externos e os resultados já são visíveis. Basta ver que as exportações deste subsetor da fileira do calçado passaram de 36 milhões de euros em 2009 para 142 milhões em 2014. Ou seja, um aumento de 294%. Este ano, as coisas continuam a correr bem, com as vendas para o exterior a crescer 5,5% no primeiro semestre.

"Trata-se de um subsetor ainda relativamente pequeno, constituído por pouco mais de cem empresas, que emprega mil trabalhadores, e que cresceu virado para o mercado interno. Nos últimos anos, tem-se assistido a um esforço de internacionalização de algumas destas empresas e as exportações quase que quadruplicaram", explica o diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS).

Apesar de se tratar de empresas de pequena dimensão, este é um subsetor que se especializou no "segmento de maior valor acrescentado", produzindo peças em couro " de elevadíssima qualidade", diz Paulo Gonçalves, pelo que é "natural" que vão conquistando clientes nos mercados internacionais. "Temos cada vez mais empresas desta área a participar connosco em várias iniciativas promocionais, seja em mercados maduros como Itália, ou em países com potencialidades que há que agarrar, como os EUA ou a Colômbia", frisa.

Uma participação conjunta em feira que faz todo o sentido num mercado que hoje valoriza muito o conceito de moda integral. "Muitos dos nossos clientes hoje já não são as tradicionais sapatarias do passado, mas as boutiques. O conceito é cada vez mais integral é normal que integremos as carteiras e os artigos de pele na nossa estratégia, designadamente na nossa campanha de promoção internacional do calçado", acrescenta Paulo Gonçalves.
Malas Peixoto Soares e Rufel

Em Milão, são três as marcas de artigos de pele que marcam presença na edição de este ano da Mipel, o espaço da feira dedicado às malas e carteiras. Marta Cruz é a responsável da Malas Peixoto Soares, a empresa da Amadora que está a comemorar 50 anos, 24 dos quais a marcar presença assídua na Mipel. Representa as marcas Marta Ponti e Canguru, ambas de artigo de senhora, sendo que a empresa tem, ainda, a NP para os artigos de homem no mercado internacional.

Com quase 40 trabalhadores e uma faturação da ordem do quatro milhões de euros, a Malas Peixoto Soares exporta 70% do que produz, com especial destaque para a Bélgica, França, Holanda, Alemanha, países árabes, como o Qatar, EUA e Canadá, entre outros. A Rússia é um mercado "muito importante" para a empresa, mesmo na atual situação económica do país. "Continuamos a fazer a feira lá. Vamos só nós e os italianos, à espera que o rublo volte a estabilizar. Mesmo com toda a incerteza, é um mercado que vale a pena. Fazemos coleções específicas para a Rússia. É um mercado que valoriza muito a qualidade, só quer as melhores peles", diz Marta Cruz.
Moçambique é outro mercado "muito importante" para a Malas Peixoto Soares, onde alguns dos seus clientes já abriram lojas dedicadas em exclusivo à marca Ponti. A empresa tem, ainda, um showroom próprio na Bélgica e outro em São Petersburgo e showroom s de distribuidores em Inglaterra, Alemanha, Irlanda e Grécia. Marta Cruz, que vende as suas carteiras de senhora a um preço de venda ao público médio de 150 a 200 euros, garante que a qualidade do produto made in Portugal "está ao nível do italiano".

Ivânia Santos concorda plenamente. "Estamos ao mesmo nível ou mesmo melhores", frisa. A responsável da Rufel, a outra empresa de artigos de pele que também é presença habitual na Mipel, lembra-se bem de quando o seu pai teve a tentação, há uns anos, de querer concorrer com os mercados asiáticos. "Disse-lhe logo que não podíamos baixar a qualidade porque jamais conseguiríamos competir com eles. E o tempo provou que quem trabalha com qualidade está sempre bem. Até ao momento foi uma aposta ganha", diz.
A Rufel é de Santa Maria da Feira e está a comemorar 40 anos. Além das suas marcas, Rufel e Cachorrinhos, é responsável, em regime de exclusividade, pela produção e comercialização da marca Miguel Vieira Acessórios (carteiras e cintos), bem como pela produção da coleção Rufel by Mariana Monteiro, uma parceira com a atriz portuguesa. Produz, ainda, tal como a Malas Peixoto Soares, para grandes marcas internacionais em regime de subcontratação, mas recusa, por razões óbvias, indicar quem são os seus clientes. "Portugal produz para as maiores marcas internacionais. Seja no vestuário, no calçado ou nos acessórios. Os consumidores nem imaginam. Nós fazemos sempre questão de indicar no nosso stand que o nosso artigo é Made in Portugal, porque os clientes valorizam isso", garante.

A Rufel fatura cerca de quatro milhões de euros, 90% dos quais nos mercados externos. Moçambique, Alemanha, Holanda e Dubai são os principais mercados. A empresa tem 50 trabalhadores, mas subcontrata produção a mais duas fábricas na região. Participou na Colombiamoda, em julho, em colaboração com a APICCAPS.

Fonte: Dinheiro Vivo,31.ago.2015
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