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Portuguese Soul: Este calçado foi feito para caminhar

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
Portuguese Soul: Este calçado foi feito para caminhar

71 milhões de sapatos portugueses são exportados por ano por uma indústria que emprega 41 mil trabalhadores.

Já imaginou se os sapatos portugueses se transformassem num livro? É já uma realidade. A Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) dá assim mais um passo na consolidação da imagem do calçado nacional, lançado o álbum "Portuguese Soul". Em formato de álbum fotográfico, o trabalho reúne os editoriais de moda publicados nos últimos seis anos e ajuda a explicar como o sector fechou 2013 a exportar 1,7 mil milhões de euros.

A adoção de um nome estrangeiro tem o propósito de divulgar a "alma portuguesa", que produz um dos melhores e mais caros calçados a nível mundial. Uma qualidade reconhecida e confirmada com níveis de exportação que rondam os 95% para 150 países do globo, que posiciona Portugal enquanto referência no design e uma mostra do que melhor se produz em solo lusitano.

Totalmente produzida em Portugal, a campanha "A indústria mais sexy da Europa" da APICCAPS conta com a super modelo Sharam Diniz como cara. A luso angolana e Tiago Lobo foram os eleitos para mostrar o calçado nacional além- -fronteiras. A campanha "Portuguese Shoes" tem como objectivo promover o design de moda nacional e assim sendo os looks utilizados envolvem também a colaboração de designers como Alves/Gonçalves, Diogo Miranda, Hugo Costa, Nuno Baltazar, Nuno Gama e Valentim Quaresma. Num momento em que o calçado português deverá atingir os seus melhores resultados de sempre, o objectivo da APICCAPS para 2015 é fortalecer a presença na Europa e, em simultâneo, reforçar a presença em novos mercados. China, Colômbia, EUA e Turquia serão algumas das apostas no próximo ano.

Em poucos anos, o sector do calçado reagiu às dificuldades, percebeu as suas próprias limitações e deu-lhes resposta, modernizando-se. Hoje, o triunfo dos sapatos portugueses baseia-se num triângulo: qualidade, design e relação de confiança com os clientes. Nada como viajar à raiz de alguns projectos para conhecer a receita do sucesso.


A voar para o mundo inteiro 

 O Grupo Kyaia, em Guimarães, que tem como marcas a "FLY London" e a Softinos, tem um volume de negócios de 55 milhões de euros e 600 trabalhadores, este grupo empresarial tem uma percentagem de exportação de 90%, e para além da produção de calçado dedica-se às áreas da distribuição, do retalho e também às tecnologias de informação


"A Fly London surgiu por um golpe de sorte por estar no lugar certo na hora certa e tomar a decisão no segundo seguinte constituindo os ingredientes que asseguraram o sucesso", conta o presidente do Grupo Kyaia, Frederico Fortunato, está por detrás da oitava marca de sapatos mais vendida no mundo. É dono de cinco fábricas, a rede multimarca "Foreva" e "Fly London", e de mais de 80 lojas espalhadas pelo mundo.

Hoje é dono de um império mas começou a trabalhar aos 14 anos como operário, numa fábrica de calçado onde varria o chão.

"As vendas são muito boas em ambos os mercados - interno e externo. A marca vendia cerca de três mil pares em 1984 e, em 2014, vende um milhão de pares. Isso também se reflecte no número de mercados onde se encontra representada. Em 1984 estava em apenas um e, actualmente está representada em 60 mercados." Recentemente abriram uma loja em Nova Iorque, "está em teste há cerca de dois meses e está a exceder as expectativas", revelou o presidente do Grupo Kyaia. E os próximos mercados que pretendem integrar são Dubai, Angola, Coreia do Sul e Tailândia. Quanto à fabricação do calçado, "98% no interior e 2% no exterior" tratando-se de "mercado alto".

O design é uma alavanca essencial para a sofisticação e criatividade que se pretende que caracterize o calçado português, um dos sectores com maior saldo comercial da economia portuguesa, com quase 1700 empresas e que emprega mais de 41 mil trabalhadores. Esta linha de acção agrega um conjunto de medidas que visam estimular a afirmação de novos talentos, reconfigurando a oferta formativa inicial, promovendo o seu cosmopolitismo, incentivando a participação dos jovens designers em eventos internacionais do sector do calçado e promovendo diferentes modalidades de cooperação ou integração no tecido industrial nacional.

 Fortunato Frederico não tem dúvidas: a evolução do calçado nos últimos anos tem sido positiva, passando de "um sector com uma imagem medíocre para um sector com uma imagem altamente positiva capaz de atrair vários olhares globais". Uma ideia partilhada por outros nomes-chave na assinatura do calçado português.

Pela avenida

 Na marca Luís Onofre, "as exportações para o exterior valem cerca de 97%".

Contudo, o estilista reconhece que o interesse das mulheres portuguesas pelos sapatos "Luís Onofre" tem aumentado, sobretudo com a abertura da loja própria na Avenida da Liberdade. Relativamente à produção do calçado, é totalmente assegurada em Portugal, processo que se explica com o facto da marca ter nascido "no seio da Conceição Rosa Pereira - uma fábrica de calçado que pertence à minha família há três gerações, logo não faria sentido para mim distanciar a produção para o exterior".

O preço médio do calçado português é hoje o segundo mais elevado do mundo, disputando a liderança com a Itália, e que exporta 71 milhões de pares de sapatos por ano, e o estilista explica o porquê: "temos um mercado que apostou na qualidade ao invés da quantidade."

Conclui que parte do sucesso da marca e de outras empresas de calçado resulta do apoio concedido pela associação APICCAPS. "Todos reconhecem que este reposicionamento do calçado nacional está ligado às inúmeras ações desenvolvidas."



Fonte: ionline.pt;29.dez.2014
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