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ICC: a inovação aplicada ao calçado

terça-feira, 15 de julho de 2014
ICC: a inovação aplicada ao calçado

A inovação aplicada ao calçado é uma das mais-valias desta PME portuguesa.

Teófilo Leite, presidente da ICC - Indústrias e Comércio de Calçado, em entrevista ao Jornal Económico.

Era mais fácil ser empresário nos anos 80 em Portugal?

Ser empresário é sempre difícil. Por vezes parece mais fácil do que é. A marca Lavoro surgiu em Setembro de 1988 e a partir daí tentamos implementar uma rede de distribuição mas não podemos esquecer-nos que, com a adesão, em 92, de Portugal ao sistema monetário europeu, houve constrangimentos para as empresas exportadoras.

O que fez nessa altura?

Tivemos de lutar muito. Passámos um período complicado. Tivemos que reduzir muito os nossos custos, evoluir nas grandes linhas de orientação e fazer a nossa transição de uma empresa fabril para comercial.

Qual foi o maior desafio em matéria de desenvolvimento de um produto vosso?

Tinha a vantagem de conhecer já os produtos. A minha formação em engenharia mecânica deu-me essa sensibilidade tecnológica e isto é, essencialmente, um produto tecnológico que tem que responder a forças de compressão, resistência à temperatura e escorregamento. O maior desafio foi ter percebido que Portugal caminhava, já nessa altura, para se diferenciar não pelo preço mas pelo conceito global de produto e serviço ao cliente.

Lamenta que tenhamos chegado a esta fase de desindustrialização do país?

Lamento que haja tantos desempregados e o país não se tenha organizado para ter mais emprego para todos os trabalhadores, em particular, para as camadas mais jovens que procuram a sua primeira colocação. Mas isto significa também que temos reformular a nossa mentalidade.

Que tipo de sapato ainda não fez?

Ainda não fizemos um sapato para a indústria aeroespacial. Foi precisamente a Associação dos Industriais de Calçado ingleses que, em 68 na primeira viagem à Lua produziu calçado para viagens extraterrestres. Mas pode ser que venha a ser um desafio. Hoje reunimos um conjunto de ‘know-how muito relevante. Para já porque temos vários engenheiros a trabalhar na empresa e isso tem-nos permitido o desenvolvimento de um conjunto de patentes relevantes e que fazem a diferenciação face aos concorrentes. Neste momento, temos um desafio muito interessante na área dos transportes. Cada vez mais os condutores passam muito tempo sentado e já se verificaram acidentes porque o calçado não é adequada à função de controlar o três pedais ou dois se forem velocidades automáticas.

Há outros desafios?

Temos de exportar para mais de 100 países é nisso que estamos empenhados. O difícil foi passar dos 20. Nos últimos três anos crescemos em 30 países e hoje percebemos a metodologia do mercado internacional e a quem nos devemos dirigir. E esse é um aspecto interessante na progressão de uma fábrica para uma empresa de marketing. Temos que ter vendedores diplomados como os alemães.

Fonte: Económico, 15.jul.2014
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