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Produção mundial continua a aumentar

quarta-feira, 13 de maio de 2009
Produção mundial continua a aumentar

Ajustamento estrutural activo. É esta a expressão que os economistas utilizam para caracterizar as alterações em curso no sector de calçado a nível internacional. A intensificação da concorrência, por via da emergência e mesmo consolidação de novos actores, é uma realidade indesmentível, quer ao nível da produção, como das importações. Já no domínio das exportações surgem verdadeiras surpresas. Também o consumo continua a aumentar a um ritmo assinalável.

A produção mundial de calçado cresceu 10,7% entre 2005 e 2007 (últimos dados internacionais disponibilizados já em 2009) para 16 000 milhões de pares. O motor desse crescimento continua, uma vez mais, a ser o continente asiático (crescimento de 12,2% para 13 435 milhões de pares em 2007) e, em especial, a China, com um crescimento de 13,4% para 10 209 milhões de euros. O gigante asiático assegurou, em 2007, uma quota na produção mundial de 63,5%. Ainda no continente asiático, destaque para o crescimento de 7,8% da Índia para 980 milhões de pares, de 26,7% do Vietname para 665 milhões de pares e de 2,4% da Indonésia para 565 milhões de pares.

A perder relevância na cena competitiva internacional no domínio da produção está a Europa. No entanto, de 2005 a 2007 há a registar um ligeiro crescimento (de 0,3%) para 985 milhões de pares. O continente europeu responde, actualmente, por sensivelmente 6% da produção mundial de calçado. Para este desempenho, foi fundamental o registo de quatro países, designadamente de Portugal (mais 3% para 75 milhões de pares), Roménia (mais 2,1% para 68 milhões de pares), Rússia (mais 21% para 53 milhões de pares) e Polónia (mais 3,7% para 47 milhões de pares).
No plano oposto, os dois principais produtores europeus, Itália e Espanha, sofreram importantes recuos de 3,3 e 14,1% para 242 e 108 milhões de pares, respectivamente. Ainda no continente europeu, a produção de calçado no Reino Unido praticamente desapareceu (menos 29% para cinco milhões de pares) e voltou a recuar de forma muito significativa em França (menos 13% para 38 milhões de pares) e na Alemanha (7% para 27 milhões de pares).

No plano internacional, destaque ainda para a quebra de dois grandes produtores. O Brasil recuou 1,2% para 796 milhões de pares em 2007 e o México registou uma perda de 13,6% para 170 milhões de pares.


Exportações «disparam»
Tal como a produção, também as exportações mundiais de calçado aumentaram de 2005 para 2007 sensivelmente 11%. Também aqui, o continente asiático exportou mais 10,4% num tota de 9 511 milhões de pares) e em particular a China (mais 18,2% para 8175 milhões de pares) teve um registo decisivo. No domínio das exportações, a China esmaga literalmente toda a concorrência, com uma quota de 72,6%.

No continente asiático, destaque ainda para o Vietname (crescimento de 30% para 615 milhões de pares), a Indonésia (mais 3,6% para 229 milhões de pares), a Tailândia (mais 0,7% para 144 milhões de pares) e a Índia (mais 62,3% para 106 milhões de pares).

Ainda no capítulo das exportações, a Europa, não obstante a quebra de Itália (menos 1,5% para 245 milhões de pares) tem um desempenho digno de registo, com um crescimento de 24,3% para 1367 milhões de pares em 2007. Há mesmo países com registos verdadeiramente surpreendentes como a Bélgica - com um crescimento de 91% para 199 milhões de pares – que ascende assim à categoria de segundo exportador europeu de calçado. A Alemanha, apesar do recuo de 0,6% para 141 milhões de pares, surge no terceiro lugar. Já a Holanda perfila-se no quarto posto, com um acréscimo de 34,5% para 114 milhões de pares. Seguem-se Espanha e Portugal, com crescimento de 5,4 e 9,6%, respectivamente para 102 e 71 milhões de pares. De realçar ainda o comportamento francês: crescimento de 23,5% para 66 milhões de pares.

Na Europa de Leste, cujas exportações aumentaram 53% neste período - registo esee, de resto, determinante para o crescimento do sector europeu como um todo – destaque para a Roménia (mais 4,8% para 68 milhões de pares), a República Checa (mais 114% para 34 milhões de pares), a Polónia (mais 91% para 29 milhões de pares) e a Rússia (mais 13,5% para 23 milhões de pares).

Um último destaque para o Brasil, um dos maiores exportadores à escala mundial, com uma quebra de 6,8% de 2005 a 2007 para 177 milhões de euros.

Importações aumentam...mas pouco

Pouco mais de 3%. Foi este o crescimento das importações mundiais de calçado de 2005 a 2007. Uma vez mais, comprova-se que são a Europa e os EUA o motor deste crescimento e também os mais expostos à concorrência internacional. Já na Ásia, as importações decaíram mesmo 31% para 1 440 milhões de pares.

As importações europeias de calçado aumentaram 23%. Alemanha (mais 7,2% para 496 milhões de pares), Reino Unido (mais 14,6% para 486 milhões de pares) e França (mais 17,3% para 445 milhões de partes) lideram neste capítulo.  Também Itália (mais 17,6% para 390 milhões de euros), Espanha (mais 42,8% para 353 milhões de pares) e Bélgica (mais 70,l2% para 255 milhões de pares) importam mais do que nunca. Na Europa de Leste sobressaem Rússia (mais 7,3% para 191 milhões de pares), República Checa (mais 89% para 142 milhões de pares) e Polónia (mais 0,7% para 101 milhões de pares).

Por países, os EUA continuam na liderança destacada, tendo importado em 2007 2362 milhões de pares de calçado, o que representa um acréscimo de 4,9% face a 2005.

No continente asiático, onde há a registar uma diminuição global de 31% das importações, o destaque, pela positiva, recai no Japão, com um amento de 6,9% para 594 milhões de pares. No segundo posto, ainda que com nota negativa, surge Hong Kong, que recuou 51% para 145 milhões de pares, valor que parece sugerir que a antiga província inglesa está a perder peso na cena competitiva internacional.

Como curiosidade, países como África do Sul (mais 17% para 158 milhões de pares) a Coreia do Sul (mais 1,9% para 131 milhões de pares) e Austrália (mais 8,2% para 94 milhões de pares) vão ganhando relevância e poderão mesmo ser entendidos como mercados interessantes numa óptica de diversificação de destino das exportações.

Consumo em alta
Também o consumo mundial de calçado está em alta, com um aumento de 5,4% para 13 931 milhões de pares.  Como se esperava, a Ásia lidera neste capítulo, com um consumo de 5 364 milhões de pares, um registo que evidencia, no entanto, uma perda de 1,3% face a 2005. A China é uma vez mais determinante para este desfecho, com uma quebra de 0,8% para 2 080 milhões de pares. No plano oposto, há a registar um crescimento do consumo de calçado na Índia (mais 5,1% para 896 milhões de pares) e no Japão (mais 8,8% para 707 milhões de pares).

Na liderança mundial voltam, de novo, a perfilar-se os EUA, com um crescimento de 4,7% para 2 393 milhões de pares.
 
Na Europa, Reino Unido (mais 13,6% para 451 milhões de pares), França mais 12,9% para 417 milhões de pares) e Itália (mais 9,2% para 387 milhões de pares) surgem no pódio. Seguem-se Alemanha (mais 9,2% para 383 milhões de pares), Espanha mais 30% para 360 milhões de pares) e Rússia (mais 9% para 234 milhões de pares). A título de curiosidade, o consumo em Portugal aumentou 21% entre 2005 e 2007 para 57 milhões de pares.

No que respeita ao consumo per capita, os dados são, uma vez mais, surpreendentes. Com um consumo per capita de oito pares por pessoa ao ano, surge a Espanha na liderança. EUA e Reino Unido, com consumos per capita de 7,9 e 7,8 pares/ano, respectivamente,  surgem logo a seguir. Portugal aparece no nono posto a nível mundial, com um consumo per capita de 5,4 pares/ano.

Uma última nota para o facto de toda esta análise ser efectuada em quantidade (os dados em valor não estão ainda disponíveis). Se esta avaliação fosse calculada em valor, muito porventura as conclusões seriam substancialmente diferentes, uma vez que existem diferenças substanciais nos preços médios de exportações.


Fonte: Jornal APICCAPS, Abril.09
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