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Luxo adere à sustentabilidade

quinta-feira, 2 de abril de 2009
Luxo adere à sustentabilidade

Os produtores de artigos de luxo estão a aderir, cada vez mais, à vaga da sustentabilidade. Visto por muitos como um paradoxo, o luxo sustentável parece estar a receber um grande impulso por parte dos executivos das empresas que se situam neste segmento.
 
Para muitos, “luxo sustentável” é uma expressão que apenas se encontra nos livros. Com efeito, o luxo sempre esteve conotado com excesso e desperdício e associado ao mundo da moda, cujo ritmo de mudança é tão ou mais rápido do que as próprias estações.

Mas nos tempos mais recentes, os principais líderes da indústria do luxo têm comunicado veemente que estão a atentar alterar a imagem do negócio através da adopção de práticas ambientais e laborais sustentáveis.

Mas será a motivação para esta mudança inteiramente altruísta? Talvez não.

Os consumidores estão cada vez mais a exigir que os artigos adquiridos sejam produzidos em condições que não prejudiquem o ambiente ou os trabalhadores que os fabricam. Estão mesmo dispostos a pagar um acréscimo de preço por produtos “verdes” ou que cumprem as regras do comércio justo. Esta dinâmica de mercado, conjugada com a procura, por parte das empresas do segmento de bens de luxo, em encontrar novas razões que convençam os clientes a pagar mais pelos seus produtos tem levado a uma viragem para o sustentável. Isto é, a mensagem publicitária está a passar de “trate-se bem, você pode e merece” para “o planeta não aguenta que você gaste menos”.

«Hoje, mais do que nunca, as pessoas querem voltar a valores genuínos como a intemporalidade, a sinceridade e o comportamento exemplar», explicou o presidente do conglomerado do Luxo PPR, Francois-Henri Pinault, numa conferência patrocinada pelo International Herald Tribune. «E estas são todas qualidades que poderemos encontrar e que são inerentes ao luxo sustentável».

A PPR instituiu um conjunto de práticas para fazer com que as suas marcas sejam socialmente mais responsáveis. Tem trabalhado com todas elas – da Puma à Gucci – para que reduzam o consumo de energia e redesenham todo o seu packaging de forma a ser mais amigo do ambiente. Instituiu também medidas que asseguram que os fornecedores e subcontratados seguem políticas laborais justas.

Alguns especialistas defendem que o negócio do luxo necessita de se redefinir como uma indústria com uma maior consciência social. Devido aos seus enormes lucros, tem uma obrigação especial em alterar as suas práticas empresariais, pois têm a margem e o mandato para criar produtos ambientalmente mais responsáveis.

Muitas vozes defendem igualmente que a indústria tem que passar de um modelo mundial que “embarcou” na fast-fashion – onde vestuário e acessórios são produzidos rapidamente para corresponder à última moda, sendo deitados fora uma estação depois – para um modelo que adopte a “slow fashion” – onde os bens são produzidos de forma artesanal e podem durar décadas.

Fonte: Portugal Têxtil,1.Mar.09
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