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Salário médio do calçado cresceu 15% desde 2008

segunda-feira, 10 de março de 2014
Salário médio do calçado cresceu 15% desde 2008

A remuneração média da indústria do calçado foi, em 2013, de 715,63 euros, o que representa um aumento de 15% nos últimos cinco anos. Em 2008, o salário médio praticado situava-se nos 621,71 euros. Dados adiantados pela Associação dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), à margem da Micam, a maior feira do sector, que decorre até quinta-feira em Milão. A delegação portuguesa, que reúne 88 empresas, é hoje visitada pelo ministro da Economia, António Pires de Lima.


“É interessante ver que, num momento em que se fala em reduções nominais de salários no país, e apesar de não haver contratação coletiva há vários anos, o mercado se encarrega de remunerar os fatores produtivos, de forma espontânea, bem acima da inflação”, afirmou ao Dinheiro Vivo o diretor geral da APICCAPS. Para Manuel Carlos, isto merece reflexão. “De algum modo, vem colocar a questão do papel da contratação coletiva e da sua eficácia. Enfim, dos modelos tradicionais e do casamento de papel passado ”, defende.


Refira-se que a última vez que o sector negociou um contrato colectivo foi em 2011 e que, desde então, a imposição das regras da troika impedindo as portarias de extensão [mediante as quais, os aumentos negociados pelas associações profissionais com os sindicatos não obrigam apenas as empresas associadas e os trabalhadores sindicalizados, mas estendem-nos a todo o universo do sector] tem complicado a sua renegociação.
“Qualquer acordo a que se chegue só obriga os membros da associação que assina o contrato e só abrange os trabalhadores sindicalizados”, explica João Maia. Diretor executivo da APICCAPS, sublinhando que isto levaria a “distorções significativas à concorrência”. Mas, apesar disso, os salários continuam a aumentar na indústria. Basta ver que o salário médio estabelecido em contrato coletivo é de 514,58 euros, mas o salário médio efetivamente pago foi de 628,78 euros em 2013. Com as restantes parcelas, como o subsídio de alimentação, o rendimento médio atinge os 715,63 euros.

Recorde-se que os sindicatos reclamam este ano um aumento da massa salarial de 10%, mas a indústria continua sem fazer qualquer contra-proposta. “Enquanto não houver garantias de que haverá portarias de extensão, é difícil avaliar o impacto que isto teria no sector como um todo”, sublinha o diretor executivo da APICCAPS.

Joaquim Moreira, sócio-fundador da Felmini, empresa de calçado de Felgueiras e a marca portuguesa que mais vende em Itália, continua a contratar novos trabalhadores e a fazer atualizações salariais todos os anos. Só este ano, em dois meses, já meteu mais dez pessoas, que se somam a igual número de novos contratados em 2013. E quanto a aumentos? “Damos pouquinho, mas damos sempre alguma coisa. Para nós é importante termos um ambiente de trabalho descontraído e os colaboradores permanentemente satisfeitos. O nosso calçado tem uma grande dose de trabalho manual e se não houver motivação, o artigo não sai bem”, garante Joaquim Moreira. Com 200 trabalhadores, o empresário não fala em operários, mas “numa família alargada”. “Sem eles não conseguia fazer o que faço”, sublinha.
Também Luís Onofre reforçou o seu quadro de pessoal em 2013, com cerca de uma dezena de novos trabalhadores, e admite este ano abrir uma nova secção de corte e costura. Atendendo à situação que se vive, acredita na necessidade de aposta “bastante forte” na formação técnica, mas também que o Estado devia conceder benefícios às pessoas “que queiram trabalhar no sector”. E quanto a aumentos salariais na sua empresa? “Não sou apologista de aumentos salariais. Prefiro uma política de recompensa, de distribuição de lucros, ao final do ano se as coisas correrem bem”, diz.

Fonte: DinheiroVivo,10.mar.2014
2017

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